Uma pérola fóssil extremamente rara foi encontrada no interior do estado de Queensland, na Austrália. A escavação da gema ocorreu na cidade de Richmond, uma região com histórico de importantes descobertas fósseis.

“Talvez com um pouco mais de 100 milhões de anos… [ela] é uma das descobertas mais significativas de moluscos fósseis na Austrália, por seu tamanho enorme. (…) Do ponto de vista científico é incrivelmente valiosa”, disse Webb, em entrevista ao site ABC News.

A descoberta rara

Em 2019, um turista que visitava o museu Kronosaurus Korner, em Richmond, acabou por encontrar o fóssil raro em um dos sítios paleontológicos. Na cidade com cerca de 500 habitantes, turistas podem obter permissão para escavar os sítios, desde que doem para o museu todos os achados com valor científico.

A pérola foi, então, entregue à voluntária Barbara Flewelling, sendo posteriormente analisada por Webb e por uma pequena equipe de pesquisadores durante um período de dois anos. O professor explica que o processo de verificação sofreu atrasos por conta da rotatividade de funcionários no museu e de lockdowns ocorridos na pandemia de Covid-19.

“Fizemos uma análise tecnológica de ponta neste espécime em particular, para que pudéssemos olhar dentro dele sem o danificar, e verificamos que é, de fato, uma pérola”, diz Webb.

Barbara Flewelling e o marido Gary (à esquerda) voaram do Canadá para a Austrália para serem voluntários no museu — Foto: Reprodução/Patrick Smith, ABC News
Barbara Flewelling e o marido Gary (à esquerda) voaram do Canadá para a Austrália para serem voluntários no museu — Foto: Reprodução/Patrick Smith, ABC News

Apenas outras duas pérolas pré-históricas haviam sido descobertas na Austrália, sendo essas consideravelmente menores e opalizadas, ou seja, formadas por sílica (mineral que gera a opala) em vez de carbonato de cálcio (material de pérolas verdadeiras).

Passado pré-histórico

O fóssil de pérola, que agora está exibido no museu Kronosaurus Korner, foi descrito pelos pesquisadores como de altíssima qualidade e com poucas alterações em seus 100 milhões de anos. Webb oferece a explicação de que a pérola foi feita dentro de uma concha composta or calcita, um mineral mais estável que a aragonita, material de que são feitas as pérolas de hoje.

Mesmo que o achado seja raro, antigamente ele era bem comum: os Inoceramus, gênero de moluscos extintos que produziam as pérolas, eram recorrentes no período Cretáceo. Eles cresciam até 50 centímetros de diâmetro na região que hoje é o interior da Austrália, mas podiam atingir dois metros em outras partes do mundo.

“Observando como a biologia antiga, os ecossistemas e as comunidades reagiam às mudanças ao seu redor, conseguimos entender melhor como nossa biologia moderna também reage”, conclui Webb.

(Por Fernanda Zibordi)