Um homem de 18 anos se apresentou à Polícia Civil na noite desta terça-feira e foi indiciado como autor da injúria racial contra o zagueiro Léo, do Athletico. O jogador foi chamado de “macaco” no clássico com o Coritiba, no último sábado, no Couto Pereira.

Segundo soube o ge, o torcedor do Coxa teria confessado a autoria dos ataques em depoimento na Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe). A princípio, não houve o pedido de prisão preventiva – o rapaz foi ouvido pelo delegado no local, indiciado e liberado.

A defesa do investigado entrou com uma petição junto à polícia para que sua imagem e sua identidade não sejam revelados.

As autoridades envolvidas no caso haviam informado, na tarde desta terça, que o suspeito se apresentaria dentro de 24 horas. Uma outra pessoa chegou a prestar depoimento, mas passou a ser tratada como testemunha.

A Polícia Civil vai seguir com a investigação e pretende ouvir outras testemunhas para dar fundamentação ao inquérito, conforme apurou a reportagem.

O caso

Um vídeo publicado nas redes sociais mostra uma pessoa, localizada na torcida do Coxa, chamando o jogador de “macaco”, logo após Léo ser expulso, no primeiro tempo da partida.

— Macaco não se cria no Couto Pereira. Vai em bora, Léo Pelé, seu preto, macaco do c***. Olha para cá, seu macaco — diz a pessoa no vídeo.

Léo compareceu na segunda-feira na Demafe para registrar o boletim de ocorrência após o episódio. Na chegada à delegacia, o defensor cobrou igualdade e respeito. O jogador do Athletico disse que vai tomar medidas contra o autor das ofensas racistas.

— Momento difícil. Eu luto por essa causa e passar por isso não é legal. Neste momento eu fiquei muito próximo da minha família. Agora é fazer o que tem que ser feito para que essa pessoa não cometa mais isso com ninguém. A gente não pode ocupar um lugar de vítima em momento nenhum. Que a pessoa pague pelos seus atos. O que peço é respeito e igualdade — disse o jogador.

Apoio

Como forma de apoio a Léo, o Athleticou jogou com uniforme preto no empate diante do Cianorte em 1 a 1, na noite desta terça, na Ligga Arena, pela sexta rodada do Paranaense. A camisa levou a frase “Não ao racismo” na parte central.

Antes do início da partida, foi respeitado um minuto de reflexão sobre o racismo – a medida foi promovida pela Federação Paranaense de Futebol (FPF) e se estenderá por toda a rodada.

O ato de injúria racial é considerado crime no Brasil, de acordo com a Lei Nº 14.532, de janeiro de 2023. A pena é de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e proibição de frequência, por três anos, a locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao público, neste caso. (GE)