Enquanto a ameaça de taxação de 50% de Donald Trump sobre produtos brasileiros se aproxima do prazo de 1º de agosto, a esperança de evitar um embate reside cada vez mais nos bastidores do mundo dos negócios.
Para o economista Vivaldo Lopes, ex-secretário de Finanças de Cuiabá, quem está liderando o diálogo para evitar a crise são os próprios empresários, cientes do impacto que a medida teria nos Estados Unidos. A entrevista foi dada ao podcast Radar News, na TV Única, nesta quarta-feira (16). (Veja a entrevista completa no final da matéria)
Vivaldo Lopes explica que a taxação seria, na prática, um “embargo comercial” que tornaria o envio de produtos brasileiros para os EUA impraticável.
O impacto seria sentido diretamente no bolso do consumidor americano, que veria itens essenciais encarecerem drasticamente. “Suco de laranja, carne parahambúrguer e café vão ficar muito caros”, alerta o economista.
(..) Vai comprar hambúrguer mais caro, tomar um suco mais caro, vai tomar café mais caro. Ele vai reclamar.
Ele exemplifica que o suco de laranja brasileiro, que representa 50% do consumo nos EUA, saltaria para 86% de tarifa.
A estratégia de Trump, segundo Lopes, pode se voltar contra ele. “Quem que eu acho que mais vai pressionar o Trump para mudar? Os próprios americanos, os as empresas americanas vão ser tão afetados quanto nós”, enfatiza.
O economista prevê que o consumidor americano “vai comprar um hambúrguer mais caro, vai tomar um suco mais caro, vai tomar café mais caro. Ele vai reclamar.” Além disso, a inflação americana, que hoje está em 2,7%, “pode se aproximar de 4” se as taxas forem mantidas, gerando pressão popular contra o presidente.
“Porque esses empresários já negociam com os empresários americanos. Eles são parceiros… eles vão saber conversar melhor com os empresários americanos do que as autoridades brasileiras”, pontua.
A expectativa é que a pressão do setor privado americano sobre o governo Trump possa levar a um adiamento ou mesmo ao recuo das tarifas, como já aconteceu no caso da China.