Com a demissão de Gustavo Quinteros na noite de quarta-feira após a goleada por 4 a 1 sofrida para o Mirassol, a direção do Grêmio dedica as primeiras horas desta quinta para avançar em nomes à disposição no mercado. Mano Menezes e Dorival Júnior são vistos com bons olhos, e Fernando Diniz já teria sido sondado pelo clube, conforme apurou o ge. Nos bastidores, havia dificuldade dos jogadores em colocar o trabalho em andamento e um descontentamento de Cuéllar.

A mudança também abre caminho para a chegada de um coordenador técnico. Contratar um profissional para auxiliar na gestão do futebol sempre esteve na pauta da gestão Alberto Guerra, mas não era prioridade até então.

O entendimento era que os auxiliares Leandro Desábato e Maximiliano Quezada circulavam bastante entre os jogadores. Por isso, não havia urgência em ter mais um profissional para o vestiário.

Agora, o cenário mudou. A contratação do coordenador depende de quem será o novo treinador. Luiz Felipe Scolari, o Felipão, foi procurado ainda no ano passado pela diretoria e aparece como primeira opção para o cargo.

Por enquanto, fica definido que o auxiliar da comissão permanente James Freitas comanda os treinamentos nos próximos dias e será o técnico no Gre-Nal do próximo sábado, caso o treinador não chegue até lá.

Bastidores da queda

Gustavo Quinteros chegou a Mirassol pressionado. Somava-se contra o treinador a derrota em casa por 2 a 0 para o Flamengo na última rodada. Além disso, carregava desde o Gauchão uma sequência de atuações ruins do time, mesmo quando vencia. Um dos motivos era uma dificuldade de engajar os jogadores no modelo de jogo.

O ge também apurou que Cuéllar era um dos jogadores incomodados no contexto gremista. O volante está pronto para jogar há algumas rodadas e se vê clinicamente recuperado das dores, mas não foi utilizado pelo treinador – ficou no banco nos últimos dois jogos, enquanto Dodi foi usado.

Internamente também já havia o entendimento que o técnico era “cabeça dura” e tinha dificuldades para se adaptar e mudar algumas decisões. O ge também ouviu que o treinador não colou em figuras importantes no vestiário, como Kannemann, para entender o ambiente mais rapidamente. No entanto, a qualidade dos treinamentos e a intensidade do trabalho era elogiada pela diretoria.

Terminado o jogo, os integrantes do departamento de futebol se reuniram com Quinteros e comunicaram o fim de sua passagem após quatro meses. A conversa durou mais de meia hora. Depois, o técnico foi até o vestiário, conversou com os atletas e se despediu. Em respeito, o grupo aplaudiu Quinteros e a comissão técnica.

No Estádio Municipal José Maria de Campos Maia, o presidente Alberto Guerra estava acompanhado do vice-presidente de futebol, Alexandre Rossato, do diretor de futebol, Guto Peixoto, e do executivo de futebol Luís Vagner Vivian.

— Eu posso assegurar que os treinos eram muito bons. Os jogadores estavam satisfeitos com o nível de treino. Só que, infelizmente, as coisas não estavam acontecendo dentro de campo. A direção está aqui para se arriscar também, fazendo o melhor para o Grêmio. A gente viu erros individuais de jogadores que não vinham jogando mal, isso não pode ser só na conta do treinador — defendeu Guerra.

Infelizmente, não dá para trocar o presidente agora, não dá para trocar os jogadores, aí acaba estourando no treinador.  — Alberto Guerra, presidente do Grêmio

Gustavo Quinteros, os auxiliares Leandro Desábato, Maximiliano Quezada e Rodrigo Quinteros (filho) e o preparador físico Hugo Roldán deixaram o estádio Maião já demitidos, mas no mesmo ônibus dos jogadores e da direção. Foram para o hotel, jantaram e, na madrugada, retornaram com a delegação para Porto Alegre em voo fretado.

– Buenas noches, buenas noches! – foram as últimas palavras de Quinteros pelo Grêmio.

O Grêmio perdeu o Gauchão para o Inter – com direito a derrota por 2 a 0 em casa no primeiro jogo da final – e interrompeu a sequência de sete conquistas estaduais iniciada em 2018. A chance desperdiçada de igualar o octa do rival afetou o moral da torcida.

Apesar de goleadas contra Caxias, São Luiz e Pelotas, quando começaram os duelos contra os times “padrão Série A” as dificuldades ficaram muito evidentes.

Contra a turma da elite, o Grêmio de Quinteros conseguiu apenas duas vitórias, diante do Juventude e do Atlético-MG. No mais, foi derrotado por Inter, Ceará, Flamengo, Juventude (duas vezes) e agora Mirassol.

No meio do caminho, o Tricolor ainda sofreu nas primeiras duas fases da Copa do Brasil. Classificou-se nos pênaltis diante dos modestos São Raimundo-RR e Athletic. Nas duas vitórias pela Sul-Americana, sobre Sportivo Luqueño e Atlético Grau, o desempenho ficou longe de inspirar confiança.

Depois da derrota para o Flamengo, a direção bancou o treinador e lhe deu sobrevida pelo menos até o Gre-Nal do próximo sábado. Mas no meio da semana havia o Mirassol, caçula na Série A que não deveria causar tanto sofrimento.

A direção viajou até o interior de São Paulo com a expectativa de que o quadro negativo começasse a ser revertido. Ao contrário, veio uma atuação pior ainda e a goleada de 4 a 1, que deixou o presidente Alberto Guerra “envergonhado”, conforme disse em entrevista coletiva na qual anunciou a saída do técnico (leia mais aqui).

O requinte de crueldade veio pelos pés do lateral-esquerdo Reinaldo, que fez valer a “lei do ex” em dose dupla. Dos jogadores mais criticados nas últimas temporadas do Tricolor, não teve o contrato renovado no fim de 2025 e assinou com o Mirassol. Na noite passada, marcou um gol de pênalti e outro de falta.

A Era Quinteros

  • 20 jogos
  • 9 vitórias
  • 5 empates
  • 6 derrotas
  • 53% de aproveitamento
  • 34 gols marcados
  • 23 gols sofridos

Desde que foi anunciado como substituto de Renato Portaluppi, em 28 de dezembro, Quinteros somou 109 dias à frente do Grêmio. Foram 20 jogos, com nove vitórias, cinco empates e seis derrotas. O aproveitamento foi de 53%.

Após quatro rodadas, o Grêmio entrou na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Está na 17ª posição com três pontos. No próximo sábado tem “só” o Gre-Nal 447, na Arena. A bola rola às 21h. (GE)