O Fluminense apresentou na noite desta segunda-feira ao Conselho Deliberativo do clube a proposta que recebeu da Lazuli Partners e LZ Sports para aquisição da futura Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tricolor. O ge entrou em contato com Carlos de Barros, sócio da empresa, que detalhou os valores da oferta e o compromisso de investimento.
Neste momento, a empresa propõe adquirir 65% da SAF do Fluminense. Entre os principais números, o aporte inicial será de R$ 500 milhões nos dois primeiros anos, além da assunção total da dívida de R$ 871 milhões.
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Veja os detalhes da proposta da SAF do Fluminense — Foto: Reprodução YouTube
Está prevista no contrato a obrigatoriedade de investimento de R$ 6,4 bilhões dentro de um período de 10 anos. O ge separou os principais temas em tópicos para elucidar as dúvidas dos torcedores sobre a proposta, que passará por votações entre conselheiros e sócios do clube.
Como será o modelo da SAF do Fluminense?
O modelo terá 40 investidores milionários, torcedores do Fluminense, adquirindo cotas da empresa que comandará o futebol. Os cotistas foram reunidos pela Lazuli Partners, uma gestora de investimentos, cuja subsidiária LZ Sports é a responsável pela proposta. Inicialmente, a gestora previa a participação de 15 torcedores, mas nas últimas semanas foi procurada por mais tricolores interessados no projeto.
Em caso de aprovação por conselheiros e sócios, a empresa será acionista majoritária da “Fluminense SAF”, com a associação permanecendo com a parte menor. A divisão será definida pelo tamanho da dívida no momento em que for feita a aquisição. Com a atual de R$ 871 milhões, o fundo teria 65%, e o associativo, 35%.
A SAF assumirá o futebol masculino, o feminino, as categorias de base e o futsal. Nesta divisão, Xerém ficaria com a empresa. A sede de Laranjeiras e outros imóveis continuam com a associação. Neste caso, está previsto um acordo de uso das locações.
A dívida total do Fluminense seria assumida pela empresa, e a associação receberia royalties do investimento — que começa na casa de R$ 12 milhões por ano. O modelo se diferencia de outras SAFs brasileiras, como a do Cruzeiro e a do Botafogo, por exemplo, nas quais um empresário assumiu e ficou responsável pelo comando do clube.
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Veja como será feito o investimento da SAF — Foto: Reprodução YouTube
Quem são os compradores e como será a gestão?
Nomes já noticiados na mídia fazem parte da lista de 40 empresários, como o controlador do BTG Pactual, André Esteves; o diretor-geral da Frescatto, Thiago De Luca; o co-fundador do Absoluto Partners, José Zitelmann; entre outros. Mas não há um investidor majoritário e definidor para votação. O LZ Sports divulgou os nomes de 13 investidores:
- Família Almeida Braga — ligada a seguradoras (Atlântica, Bradesco Seguros)
- Família Klabin — ligada a empresas de papel e celulose
- Família De Luca — ligada a Frescatto, ramo de frutos do mar
- Família Zitelmann — membro do comitê executivo da BTG Pactual
- Família Esteves — membro do comitê executivo da BTG Pactual
- Família Dantas — ligado a gestão de fundos
- Família Paes — membro do comitê executivo da BTG Pactual
- Ricardo Tadeu — ligado a Ambev, empresa do ramo de bebidas
- Membros da família Monteiro Aranha – ligada ao Grupo Monteiro Aranha
- Grupo Apex Partners — empresa de investimento do Espírito Santo
- Heráclito de Brito Gomes Junior — ligado à Rede D’Or, do ramo hospitalar
- Família Hallack — ligado a empreiteira Camargo Correia
- Bruno Werneck — advogado
Todos os investidores deste fundo concordarão com regras de votação, que impedem que o clube seja travado em caso de discordância. Esse fundo será liderado pela LZ Sports na figura do sócio Carlos de Barros.
A SAF será gerida com oito cadeiras em um Conselho. Serão dois nomes a para associação e seis para os investidores.
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Sócios do BTG Pactual com Mário Bittencourt no camarote na final do Carioca — Foto: Giba Perez
Qual é o valor do Fluminense e como será feito o investimento no futebol?
A previsão do valor global do investimento é de R$ 6,9 bilhões em um prazo de até 10 anos. Sobre os aportes obrigatórios, estão divididos da seguinte forma: R$ 250 milhões, no momento da assinatura da SAF e outros R$ 250 milhões até 24 meses após o fechamento.
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Fluminense tem proposta para virar SAF — Foto: Editoria de Arte
Além dos aportes obrigatórios, o investimento previsto de R$ 6,4 milhões é dividido da seguinte forma ao longo de 10 anos:
- Folha salarial (elenco e comissão técnica) – R$ 4,7 bilhões
- Aquisição de atletas – R$ 1,1 bilhão
- Desenvolvimento e formação de jogadores – R$ 359 milhões
- Melhoria do CT e de Xerém – R$ 84 milhões
- Royalties para a Associação – R$ 143 milhões
O plano do fundo é aumentar a folha salarial do futebol tricolor em 30% já em 2026, saltando dos R$ 19 milhões atuais para cerca de R$ 25 milhões mensais. A gestora estudou modelo de clubes da Premier League como inspiração para criação do desenho adaptado ao futebol brasileiro.
Segundo Carlos de Barros, a ideia é ter o Fluminense no top 3 do país com cinco pilares de base: investimento em Xerém, em folha, em contratação de atletas, melhorias em análise de dados e sustentabilidade financeira de longo prazo. A composição do investimento inclui:
- Receitas geradas (da associação) para a SAF
- Aportes diretos da investidora
- Captação de subvenções
- Investimentos em ativos (ex: CT, Xerém)
- Melhorias de análises de dados
- Pagamentos de dívidas
- Pagamentos a terceiros
Os investidores condicionam a aquisição a uma renegociação com os credores. Dessa forma, a gestão começaria com as dívidas equacionadas, sabendo quanto será destinado mensalmente para quitação. (GE)