Uma das maiores tragédias marítimas da era colonial voltou a ocupar as manchetes dos jornais nesta semana. Isso porque mais de mil moedas de prata e ouro, avaliadas em cerca de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,3 milhões), foram recuperadas dos destroços conhecidos como “Frota do Tesouro” ou “Frota da Prata”, no fundo do Oceano Atlântico.
Levin Shavers, capitão do navio de salvamento M/V Just Right, utilizado durante a missão, descreveu a experiência como “se você perdesse algo que realmente gosta e quase tivesse aceitado o fato de nunca mais encontrá-lo, e então, de repente, ele aparece”. “É uma sensação incrível”, resume ele, em entrevista à WTSP-TV.
Patrimônio dividido
De acordo com a revista Smithsonian, o naufrágio é constituído por 11 navios espanhóis que teriam partiram de Cuba rumo à Europa, em julho de 1715, carregados com riquezas extraídas do Novo Mundo — ouro, prata e joias avaliadas em cerca de US$ 400 milhões atuais (R$2,14 bilhões). A viagem, porém, foi interrompida por um violento furacão que atingiu a costa da Flórida, afundando a frota.
Além de matar mais de mil tripulantes a bordo dos navios, o desastre espalhou o tesouro ao longo de quilômetros dentro do mar. Isso transformou a região em uma das mais famosas rotas de caça a naufrágios do mundo. Veja galeria de fotos do resgate:
Recuperados R$ 5,3 milhões em ouro e prata de naufrágio; veja imagens
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Ainda assim, o valor do achado vai além das cifras. Para os arqueólogos e historiadores, cada moeda é um elo com o passado. “Esta descoberta não se refere apenas ao tesouro em si, mas às histórias que ele conta”, afirma Sal Guttuso, diretor de operações da empresa, no comunicado. “Cada moeda é um pedaço da história, um testemunho da Era de Ouro do Império Espanhol.”
Do fundo do mar para os museus
Nos últimos anos, a 1715 Fleet-Queens Jewels tem registrado descobertas notáveis: em 2024, foram recuperadas 200 moedas de prata, uma pistola de pederneira e objetos de uso cotidiano, como um molho de chaves e um vaso de cerâmica. Em 2018, a equipe encontrou um canhão e raras garrafas de vidro intactas, conhecidas como “garrafas de cebola”.
Apesar dos avanços, especialistas acreditam que pelo menos cinco dos navios da frota ainda não foram localizados. “Nunca terminarei em toda a minha vida. Mal arranhamos a superfície”, aponta o salvador Mike Perna ao site McClatchy News.
De volta à terra, as novas moedas agora passarão por um processo de conservação antes de serem exibidas em museus locais. A ideia é permitir que moradores da Flórida e visitantes tenham contato direto com um dos capítulos mais dramáticos — e ricos — da história marítima das Américas.
(Por Arthur Almeida)


