O projeto Cinema de Base aconteceu entre os dias 24 e 26 de fevereiro, e trouxe, de forma inédita, 5 cursos de formação audiovisual nas áreas de Elétrica, Maquinária, Assistência de câmera, GMA/Logger, e Video Assist.

Os ministrantes de cada área vieram dos principais polos cinematográficos do Brasil, para lecionar na sede da Latitude Filmes e Locadora, e compartilhar gratuitamente seus conhecimentos com os 50 alunos inscritos, que além das aulas, tiveram coffe break e almoço em todos os dias da imersão.

Após os três dias de curso, houve ainda um quarto dia, onde aconteceu um aulão especial na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), com mais de 70 estudantes do Curso de Cinema e Audiovisual, que puderam também ouvir os palestrantes das 5 áreas.

O projeto Cinema de Base faz parte do Edital Nº 16/2023/Secel – Cinemotion/ Edital de formação – Edição Lei Paulo Gustavo e é uma realização da Acubá (Associação Cuiabana Belas Artes), com apoio da Latitude Filmes e Locadora e parceria do Cine Motion MT, Secel-MT (Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso) e Ministério da Cultura do Governo Federal.

A Presidente da Acubá, Zilda Barradas frisou a importância dessa imersão para o estado de Mato Grosso:

“O cinema existe em todos os estados do Brasil. É preciso capacitar os nossos profissionais para que aqui mesmo eles possam contribuir para entregar produções de nível cada vez mais alto. Esse projeto também contribui para descentralização do Cinema, e afirmação da capacidade local”, relatou Zilda.

“Ficamos muito felizes com a seleção do projeto, pois como produtores sabemos da real necessidade da capacitação de novos profissionais para o mercado que está em expansão. Participaram tanto pessoas que são novas na área, quanto as que estão migrando de áreas dentro do audiovisual e pessoas que já atuam mas querem se aperfeiçoar. O curso foi proveitoso não apenas para os alunos, mas também para os próprios técnicos locais, que são profissionais experientes do nosso mercado, que auxiliaram os professores dizendo que mesmo para eles que tem um currículo na área aprenderam muito. O maior reconhecimento que podemos ter de que o projeto funcionou é ver esses alunos inseridos no mercado de trabalho. Uma segunda etapa do projeto, inclusive é a criação de um catálogo desses profissionais para enviar nos grupos especializados sempre que houver perspectivas de novos projetos.”, contou a Produtora executiva da Latitude, Rafaella Lerer, reforçando que a parceria com a Locadora foi essencial, pois possibilitou o contato dos participantes com equipamentos de ponta:

“Os alunos de AC, por exemplo, tiveram acesso à câmeras como Arri Alexa Mini e RED Helium 8K, então puderam ter contato com equipamentos de todas as realidades, das mais simples as mais sofisticadas.”, explicou.

Para a superintendente de Desenvolvimento de Economia Criativa na Secel, Keiko Okamura, a formação em audiovisual é um importante pilar para o desenvolvimento do audiovisual em Mato Grosso:

“O projeto Cinema de Base, ofertou um conjunto de cursos técnicos inéditos em nosso Estado, principalmente neste momento de investimento e aquecimento do setor, através dos editais realizados pela SECEL com recursos da LPG, e da realização de diversas produções audiovisuais regionais, abrindo mercado para os profissionais, criando uma demanda enorme de técnicos. A expectativa é que os projetos de formação oriundos dos editais venham para atender esta demanda, e contribuir para excelência das novas produções.”, relatou Keiko.

Ana Luíza Menezes, do Distrito Federal, realizadora audiovisual e técnica cinematográfica formada em Audiovisual pela Universidade de Brasília, trabalha na equipe de câmera desde 2017, e como Gerenciadora de Mídias Audiovisuais (GMA) desde 2019, ela quem ministrou o curso de GMA/Logger, que abordou a função do GMA, conceitos básicos de cinematografia digital até fluxo de trabalho com armazenamento e pós-produção, buscando ensinar a organizar, checar e transferir arquivos de câmera com eficiência e segurança, utilizando softwares como Silverstack e Davinici Resolve.

Ao ser questionada sobre ser mulher nesta profissão tomada por homens, Ana Luiza explica que a diferença técnica da profissão sendo mulher não é sobre conhecimento técnico, isso indifere o gênero e sim fala muito dos acessos do conhecimento e de quem consegue tê-los e de como foi essa estimulação:

“O lado de ser mulher enquanto parte da equipe de câmera puxa mais para um lado social, eu reflito sobre minha comunicação e tento fazer com que ela seja mais empática e horizontal, tento passar um sentimento de comunidade e rede, tento trazer equidade no acesso de conhecimento e de tarefas em um set, tento trazer assuntos tão técnicos e muitas vezes com nomenclaturas e estruturas estrangeiras, para nosso contexto brasileiro e acima de tudo audiovisual do centro oeste e nossas características próprias. Bato nessa tecla de rede porque ela me possibilitou estar aqui, minha mãe sempre me estimulou para que eu continuasse no cinema e não desistisse, minhas amigas e amigos da área partilharam seus conhecimentos comigo, me indicaram cursos e trabalhos e assim essa rede me fez chegar até Cuiabá, agora pela segunda vez trabalhando com cinema.”, contou Ana Luiza.

Ana explicou que tem sido uma grande realização fazer parte deste projeto, elogiou o espaço da Latitude, e disse que a produção é muito atenciosa e detalhista. A profissional explicou que para ela, é um fomento público que está sendo muito bem empregado e com certeza vai tornar o audiovisual Mato Grosso como um todo mais preparado para novos desafios, pois até pessoas de fora da capital vieram participar:

“ Ressalto que eu enquanto professora também aprendi muito com os alunos e fiz novos networkings, com muito orgulho dessa rede técnica de profissionais do centro oeste. A turma de alunos do curso de GMA, foi além das minhas expectativas, conseguimos com certeza ultrapassar conhecimentos iniciais e nos aprofundar mais em diversas funções, porque as vivências eram muito distintas e acrescentavam a teoria e a prática. Além do aprofundamento técnico apresentado, usado em grandes produções nacionais e internacionais, isso foi aliado a bastante senso crítico e uma visão ampla de audiovisual, cultura, tecnologia e economia criativa.”, finalizou a profissional.

Chico Macedo, paraense residente em Goiás, chefe de maquinária no audiovisual desde 2006, já participou de longas, curtas e videoclipes da Globoplay, Amazon Prime, Netflix e Disney foi o ministrante do curso de maquinária, que abordou além da função do maquinista, os equipamentos essenciais, e montagem de estruturas e criação de soluções criativas para o set.

O Chefe de maquinaria explica que escolheu esse ramo pela capacidade de criação:

“A maquinária exige bastante da sua criatividade, você está criando todos os dias algo novo, chegou por acaso na minha vida, eu abracei e venho desenvolvendo e me especializando cada dia mais”.

Para Chico além da qualificação dos profissionais locais, o Projeto Cinema de Base também promove a descentralização do Cinema, pois é capaz de fomentar o mercado, gerando novos nomes de referência por todo Brasil:

“A importância desse curso em Cuiabá vai para além da formação. É muito importante para o mercado, tendo em vista que o investimento de uma locadora é enorme, então é necessário ter pessoas qualificadas para manusear esses equipamentos. O curso vai agregar muito na qualidade de entrega desses profissionais, desde aqueles que ainda estão na faculdade até quem já atua na área. Antigamente, só encontrávamos nomes de referência no Rio de Janeiro e São Paulo, o Cinema de Base vem para mudar isso, e descentralizar a capacitação, mostrando que existe cinema em todas as partes do país.”, explicou o maquinista.

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