Os restos fossilizados de dois dinossauros mortos em combate estão ajudando a reescrever parte da história do mais famoso predador da Terra: o Tyrannosaurus rex. Um novo estudo publicado nesta quinta-feira (30) na revista Nature a partir da análise do registro de 66 milhões de anos concluiu que aquele animal considerado por décadas como um jovem T. rex, na verdade, representa um adulto de uma espécie completamente diferente: a Nanotyrannus lancensis.
“Nosso espécime é um Nanotyrannus sp. totalmente adulto, pesando apenas cerca de 680 kg após duas décadas de crescimento”, afirma a paleontóloga Linday Zanno, da Universidade Estadual da Carolina do Norte e chefe de paleontologia do NCMNS, em entrevista ao jornal britânicoThe Guardian. Segundo ela, a anatomia do animal não corresponde ao de um T. rex em crescimento, à medida que apresenta mais dentes, mãos maiores, cauda mais curta e padrões únicos nos nervos cranianos.
Redescobrimento de uma nova espécie
O nome Nanotyrannus lancensis foi cunhado em 1946, a partir das análises de um pequeno crânio encontrado na Formação Hell Creek, também em Montana. No entanto, posteriormente, especialistas revisitaram essas anotações e defenderam que aquele fóssil,conhecido como “crânio de Cleveland”, era de um jovem T. rex. Isso levou também à interpretação errônea do “fóssil dos dinossauros em duelo” 60 anos depois.
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Este novo estudo, porém, defend que o Nanotyrannus sp. coexistiu com o gigante Tyrannosaurus rex, compartilhando o mesmo ecossistema no fim do Cretáceo. Além disso, a equipe reclassificou o esqueleto de um dinossauro juvenil apelidado de “Jane”, descoberto em 2001, como outro exemplar de Nanotyrannus sp., em vez de um T. rex.
“Durante décadas, paleontólogos usaram, sem saber, espécimes de Nanotyrannus sp. como modelo para o crescimento e comportamento de T. rex jovens”, destacou Zanno. “Agora, surge a necessidade de pegar novamente esses estudos e revisá-los para confirmar a verdadeira identidade do animal fossilizado.”
Ceticismo na comunidade científica
Nem todos os especialistas, contudo, estão plenamente convencidos da existência do grupo Nanotyrannus sp. O paleontólogo Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, que não participou do estudo, reconhece as novas evidências como “sólidas”, mas pondera que talvez ainda existam fósseis de verdadeiros T. rex juvenis.
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“Ainda não estou pronto para afirmar com certeza que todo esqueleto de um T. rex pequeno seja um Nanotyrannus sp.”, disse ele ao The Guardian. “Alguns deles devem ser de T. rex juvenis, e acho que, no fim das contas, será muito difícil distinguir um Nanotyrannus sp. adulto ou quase adulto de um T. rex adolescente.”
O debate sobre a existência do Nnotyrannus sp. se arrasta há quase 80 anos. Agora, com novas tecnologias de imagem e análise óssea, o mistério parece ca vez mais próximo de uma soluão, reforçando que o reino dos dinossauros foi muito mais diverso do que se imaginava.
(Por Arthur Almeida)


