O Pantanal foi o bioma que mais secou em 2023, com queda de 61% na superfície da água. Os dados foram divulgados pelo MapBiomas Água, nesta quarta-feira (26). Em todo o país, a diminuição da superfície da água ficou em 1,5%.

De acordo com o levantamento, o bioma pantaneiro registrou 382 mil hectares cobertos de água, cobrindo apenas 2,6% da região. Além da redução da área alagada, houve diminuição também do tempo de permanência da água no solo.

Para efeitos de comparação, o ano passado foi 50% mais seco que em 2018, quando houve a última grande cheia no bioma, que ainda sim, estava abaixo da média histórica e a tendência de queda deve se repetir este ano. Os incêndios, como os que estão ocorrendo neste momento em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estão entre as principais razões dessa retração.

“Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. Por outro lado, o ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle”, ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas.

Já em extensão, a Amazônia, que ocupa 62% do território e abriga metade da superfície de água do Brasil, foi o bioma que mais secou. Pelo levantamento, a superfície de água atingiu quase 12 milhões de hectares, uma diminuição de 3,3 milhões de hectares em relação a 2022. No ano passado, a região apresentou uma seca severa de julho a dezembro, com isolamento de populações e mortandade de peixes.

Ao contrário dos outros biomas que cobrem Mato Grosso, o Cerrado foi o que apresentou a maior superfície de água desde 1985: 1,6 milhão de hectares, 11% acima da média histórica. No entanto, de acordo com o levantamento, essa variação de superfície se deve a ação humana, com a construção de hidrelétrica e barragens, enquanto rios e outros corpos d’água naturais tiveram queda de 53,4%.

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“Enquanto o Cerrado e Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, destaca Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas Água.

O projeto MapBiomas é desenvolvido pelo Observatório do Clima em conjunto por uma rede multi-institucional envolvendo universidades, ONGs e empresas de tecnologia. Seu objetivo é mapear todos os anos a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território.

(HNT)