Microempresa e marmitaria com capital social baixo, mas que juntos movimentaram mais de R$ 14 milhões, golpes no OLX e time de futebol eram usados para arrecadar valores em benefício do Comando Vermelho, conforme apontado pela investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil. Homens de confiança da organização criminosa liderada por Paulo Witer Farias Paelo, o ‘WT’, ostentavam vida de luxo com carrões e viagens. Eles também faziam transações financeiras de grande valor, mas não tinham atividade laboral lícita registrada.

Luiz Fernando da Silva Oliveira, conhecido como ‘Luiz Faixa Preta’, é um dos homens de confiança de WT e famoso pela prática de diversos crimes de estelionato pela plataforma “OLX”. Ele ostenta em seu bairro uma vida de luxo, com carrões, viagens e baladas. O apelido “Faixa Preta” faz alusão, em tese, a alguém que detém a confiança dos demais donos de “bocas de fumo” e pratica o tráfico de drogas.

Como os demais investigados na operação, ‘Faixa Preta’ também não possuía qualquer vínculo empregatício ou fonte de renda lícita. Mesmo assim, foi capaz de fazer transações financeiras cujos valores totalizaram R$ 1.470.779,75 (crédito) e R$ 1.420.298,11 (débito).

Nessa toada, ficou demonstrado para as autoridades que Luiz Fernando faz parte do grupo com o propósito de lavar dinheiro. O faccionado, inclusive, utilizava o nome da mãe e da esposa para praticar o crime. Em nome da mãe, Emanuele Antônia da Silva, está registrada a empresa ‘Marmitaria da Manu’, cujo capital social é de R$ 3 mil, mas o empreendimento movimentou R$ 1,8 milhão nos últimos quatro anos, desde sua constituição.

Como reforço sobre a ligação entre Luiz e “WT”, as investigações descortinaram que ele reside, atualmente, em uma casa registrada em nome da falecida mãe de Paulo Witer, Alice Farias Paelo.

OUTROS HOMENS DE CONFIANÇA

Tayrone Junior Fernandes de Souza é, em tese, o “faz tudo” a mando de Paulo “Ita”. Ele é responsável pela comissão técnica do time de futebol “Amigos do WT”, e atua, também, na ocultação do patrimônio em benefício da organização criminosa.

Renan Freire Borman é responsavel por comprar os veículos de WT. Ele é proprietário da microempresa “Certinho Veículos”, que não possui nenhum funcionário vinculado, nem endereço cadastrado, com capital social de R$ 100 mil, mas que movimentou R$ 14 milhões. Renan possui diversos registros criminais, entretanto, todos foram encerrados.

Para mascarar a atividade ilícita do time de futebol ‘Amigos WT’, montado exclusivamente para lavar dinheiro do Comando Vermelho, Paulo Witer encarregou Andrew Nickolas Marques Dos Santos da diretoria da agremiação esportiva. Ele atuava como ‘Instagrammer’ e geria as redes sociais do time.

Outra atribuição era distribuir as cestas básicas à população como parte do ‘assistencialismo’ promovido pela ‘Orcrim’. Segundo o Relatório de Investigação, WT comprou um veículo Volvo CX60, pelo valor de R$ 379 mil, em nome de Andrew e utilizando com transferências do Supermercado Alice.

Durante a pandemia da covid-19, em que o Governo Federal distribuiu o auxílio emergencial, Andrew se declarou baixa renda, mas ostentava uma BMW X5, avaliada em R$ 600 mil.

Michael Richard Da Silva Almeida, irmão de Andrew, também estava envolvido com a ‘orcrim’. Seu papel, no entanto, era recolher os valores nos pontos de venda de drogas, o que, segundo consta, é uma das principais fontes de renda da organização criminosa.Em dois anos, ele movimentou R$321.662,25 em crédito e R$ 326.884,92, em débito. Além de emprestar seu nome para WT comprar um Toyota Corolla avaliado em R$ 180 mil.

(HNT)