Conhecida como Anomalia do Atlântico Sul, ela exerce impacto considerável em uma extensa área da América, especialmente os países do sul e no Brasil.
Apesar de ainda não ser completamente compreendido pela comunidade científica, diversos estudos têm contribuído para a ampliação de nosso entendimento acerca desse fenômeno.
Esta anomalia representa uma discrepância na proteção magnética terrestre, situada sobre o Atlântico Sul, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, estendendo-se até a África.
Um desdobramento significativo dessa anomalia reflete na operação de satélites em órbita ao redor do nosso planeta. Ao atravessarem áreas com redução na defesa magnética, esses satélites podem sofrer danos devido ao influxo de radiação cósmica.
Diante desse cenário, a monitorização da anomalia tornou-se uma prioridade para agências espaciais, sendo mais recentemente assumida pelo Brasil com o lançamento do nanossatélite NanosatC-BR2.
O comportamento peculiar do campo magnético terrestre sobre a região do Atlântico Sul remonta a até 11 milhões de anos atrás, conforme evidenciado por estudos recentes, como o publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences.
No entanto, é importante ressaltar que, embora esse fenômeno tenha uma longa trajetória temporal, os cientistas argumentam que não há indícios iminentes de uma reversão no campo magnético do planeta.
Estas informações são da MetSul Meteorologia, destacando a complexidade e importância desse fenômeno na compreensão dos mecanismos magnéticos que envolvem o Atlântico Sul.
O que os cientistas sabem
A Anomalia do Atlântico Sul representa um ponto vulnerável no campo magnético terrestre. Entretanto, ele desempenha o papel crucial de resguardar o planeta contra intensas doses de vento solar e radiação cósmica.
Sua origem está associada à proximidade do cinturão de radiação de Van Allen interno da Terra à sua superfície, ocasionando um aumento no fluxo de partículas energéticas.
Esta anomalia, por sua vez, provoca perturbações técnicas em satélites e espaçonaves que circundam a Terra.
Pesquisadores da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, conduziram estudos em rochas ígneas ou vulcânicas da ilha de Santa Helena, situada na região da Anomalia do Atlântico Sul.
As rochas ígneas preservam registros do campo magnético, proporcionando uma visão detalhada da história magnética do planeta. Um total de 34 erupções vulcânicas ocorridas em Santa Helena entre 8 e 11 milhões de anos atrás foi analisado no estudo.
O estudo pioneiro oferece a primeira análise de longo prazo do campo magnético nessa região, remontando a milhões de anos. Segundo Yael Engbers, principal autor do estudo, isso revela que a anomalia magnética do Atlântico Sul não é um fenômeno isolado; anomalias semelhantes existiam há 8 a 11 milhões de anos.
Descobertas
O processo de resfriamento das rochas vulcânicas resulta na magnetização dos pequenos grãos de óxido de ferro nelas presentes. Dessa forma, preserva a direção e intensidade do campo magnético da Terra naquele momento e local.
Os autores explicam que as linhas do campo magnético normalmente seguem de Sul para Norte, mas os registros geomagnéticos das rochas revelam que durante erupções anteriores, o campo magnético em Santa Helena apontou em diferentes direções.
Esses achados sugerem que o campo magnético na região em questão tem manifestado instabilidade ao longo de milhões de anos. Como é conhecido, o campo magnético da Terra passa por variações em termos de intensidade e direção ao longo do tempo.
Inicialmente, pesquisadores defendem que tais flutuações possam eventualmente desencadear uma inversão do campo magnético.
No entanto, o comunicado ressalta que, devido à persistente instabilidade do campo magnético na área da Anomalia do Atlântico Sul ao longo de vários milhões de anos, é pouco provável que esteja associado a qualquer reversão iminente.
Este achado reforça também pesquisas anteriores que indicam uma possível ligação entre a Anomalia do Atlântico Sul e características sísmicas atípicas no manto inferior e no núcleo externo do planeta.
Yael Engbers destaca que isso nos aproxima de uma compreensão mais direta da relação entre o comportamento do campo geomagnético e as características internas da Terra.
Riscos da anomalia magnética
Além disso, um estudo adicional afasta preocupações sobre riscos à aviação comercial decorrentes da Anomalia Magnética do Atlântico Sul. Cientistas constataram que o fenômeno resulta em níveis significativamente elevados de radiação ionizante.
Por outro lado, seus impactos em espaçonaves em órbita baixa da Terra não apresentam um aumento correspondente na exposição à radiação para astronautas e componentes eletrônicos na Estação Espacial Internacional.
Além disso, conforme relatado em um estudo publicado na revista científica Nature, os testes não indicaram aumento na exposição à radiação durante voos comerciais.
Portanto, a anomalia magnética não representa uma ameaça de maiores índices de radiação cósmica para passageiros e tripulantes de voos comerciais na região do Brasil, América do Sul ou Atlântico Sul.