Eu sei que é carnaval. Mas nessa história, me desculpe, não tem nada de divertido.

Porque, de repente, o mundo ficou em silêncio.

Televisões fora do ar, celulares sem sinal. Carros perdem controle, mães perdem filhos.

Em questão de minutos a sociedade da conexão instantânea… não se conecta mais. E o pânico toma conta.

Não se preocupe, amigo leitor. Isso (ainda) não aconteceu por aqui, no país da folia. O que narrei é parte do roteiro  perturbador do filme “O Mundo Depois de Nós”, um suspense da Netflix que nos convida a refletir sobre a crescente digitalização de nossas vidas e a urgência de nos prepararmos para grandes catástrofes cibernéticas.

Infelizmente, essa preparação já está atrasada, pois continuamente somos bombardeados com notícias de invasões cibernéticas, perdas financeiras, paralisações de empresas e exigências de resgates milionários.

Como enfrentar tudo isso?

Primeiramente, é crucial reconhecer e entender a gravidade do problema, tanto individualmente quanto coletivamente. Muitos de nós já fomos alvo de tentativas de golpes, como ligações falsas sobre bloqueio de cartões ou solicitações de informações pessoais disfarçadas de pesquisas governamentais. Essas artimanhas cibernéticas estão se tornando cada vez mais sofisticadas, resultando em invasões de redes sociais, contas bancárias e outros aspectos de nossas vidas online. Ou seja?

Não é mais só ficção. É realidade palpável.

Em “O Mundo Depois de Nós” o caos se instaura quando uma família em férias é pega de surpresa por um apagão mundial das redes sociais e da internet. Já em “The Beekeeper – Rede de Vingança” vemos como um simples clique em um e-mail de atualização pode resultar no controle total da vida de alguém por parte de um hacker, levando à devastação financeira e emocional.

Enquanto muitas empresas e pessoas ainda estão se adaptando (estranhamente sem pressa) a essa realidade digital, a evolução das táticas dos hackers é alarmante e rápida.

Resultado: às custas da ignorância da sociedade, os cibercriminosos lucram bilhões todos os anos.

Outro dia me espantei ao ler que um hacker, com a ajuda da Inteligência Artificial, realizou uma videoconferência entre pessoas falsas criadas pela IA com os funcionários reais de uma multinacional em Hong Kong, resultando na transferência para sua conta de 129 milhões de reais.

Incrível, mas real.

O único caminho para enfrentar essa realidade é buscar conhecimento sobre o assunto, adotar medidas de segurança pessoais e corporativas, seguir as melhores práticas no ambiente digital e investir em tecnologia avançada. Se não mudarmos radicalmente nosso comportamento, corremos o risco de enfrentar consequências devastadoras em todos os níveis.

Pra me despedir, uma dica: vai curtir o carnaval? Então redobre a atenção! É durante eventos festivos que os hackers aproveitam momentos de distração para realizar seus ataques. Então a vigilância deve ser constante.
Ou a sua folia pode acabar virando uma festa… pra bandidagem do mundo digital.

*OSCAR SOARES MARTINS  é consultor em cibersegurança. Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil e diretor da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt)

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