Não é de hoje que o clima de Chapada dos Guimarães chama a atenção da população mato-grossense. Durante o século XVIII, inúmeras fazendas foram criadas na região da então Serra Acima.
Já no século XX uma residência ilustre foi construída na região do Rio da Casca, próximo à Usina Casca I, criada para gerar energia para abastecer a capital do estado. A residência nomeada “Chalé dos Governadores” está situada em meio a duas quedas da cachoeira que leva o nome da comunidade e do rio que fazia girar as turbinas da antiga usina.
Construída em 1928, a residência com certeza já foi palco de muitas conversas e decisões políticas que definiram o futuro do estado. Por mais que tenha sido tombado como patrimônio histórico estadual, desde 2009, pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), o local está totalmente abandonado e em poucos anos pode virar apenas uma ruína e uma memória registrada na mente dos mais antigos ou nas fotografias.
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O chalé não está só, no local existem dezenas de casas, piscina, churrasqueiras e a antiga Usina Casca I, que também está abandonada, ao que tudo indica o cenário atual, com mesmo destino trágico da ilustre Residência dos Governadores.
Mas por que tal descaso acontece?
A área era parte do patrimônio da antiga Cemat, que após a privatização passou nas mãos da Apiacás Energia S.A. e atualmente pertence à Enel Brasil Participações. Por mais que a Usina Casca I não funcione mais, no local funciona ainda a Usina Casca 2, movida com água que regava outrora a Cachoeira do Rio da Casca. Sim, a cachoeira na maior parte do ano fica seca, sem cair uma gota de água. Um pouco mais abaixo, no rio, está a Usina Casca III, também em atividade.
Este cenário que junta história e natureza com certeza poderia ser utilizado para o desenvolvimento do turismo, atividades educacionais e científicas. Para que isso aconteça, existem dois caminhos.
Em um deles, a empresa responsável, que adquiriu o local da antiga Cemat, deve realizar a recuperação da área, assim como desenvolver uma gestão para que estes patrimônios possam ser visitados. A outra alternativa seria o poder público tomar para si novamente este local histórico e realizar a recuperação da área, assim como, possibilitar uma gestão adequada para desenvolvimento da visitação focada para o turismo ou para a educação.
A sociedade mato-grossense não pode aceitar que sua memória vire ruína. Encontrar uma saída para esse problema é também buscar uma alternativa de geração de emprego e renda, é uma forma de gerar oportunidades, de ampliar as possibilidades de roteiros educacionais.
Em ano eleitoral, onde a elite política do estado busca fazer as construções e conchavos para disputar as tão importantes cadeiras representativas do estado. Talvez seria uma boa pauta para algum dos cafezinhos, entre uma conversa e outra, encontrar uma saída para o Chalé dos Governadores e para Usina Casca I.
Encontrar uma forma de se valorizar a história do estado e as pessoas que vivem na região do Rio da Casca. Quem sabe o governo do estado ou assembleia legislativa consiga articular uma solução para preservar e promover nosso patrimônio natural e cultural.
*CAIUBI EMAUEL SOUZA KUHN é conselheiro do Crea-MT ; professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT), mestre em Geociências (UFMT).
CONTATO: www.facebook.com/caiubi.kuhn
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