Na manhã do dia 27 de novembro um crime brutal foi descoberto na casa de uma família no Município de Sorriso. Os corpos de Cleci Calvi Cardoso, 47, e suas três filhas – Miliane Calvi Cardoso, 19, e duas menores de 13 e 10 anos – foram encontrados em um cenário de terror.

As vítimas tiveram sua casa invadida pelo pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos, na noite do dia 24, uma sexta-feira. O assassino trabalhava em uma obra ao lado da residência da família, e após o crime retornou à construção, sendo preso ainda no dia 27.

Conforme a Polícia Civil, Gilberto, que era foragido por latrocínio, estupro e tentativa de homicídio, tinha como alvo Cleci. Depois de pular o muro da casa, ele encontrou uma janela aberta.

Porém, logo que entrou, foi flagrado pela mãe das meninas, que avançou contra ele, e após alguns segundos de briga ambos caíram no chão. Neste momento, o criminoso teria se apossado de uma faca e esfaqueado Cleci.

Por conta do barulho, Miliane e as menores acordaram e presenciaram toda a cena. Depois de ferir Cleci, Gilberto esfaqueou Miliane, a adolescente e em seguida matou a criança asfixiada.

Durante o tempo em que ficou na casa após ferir as vítimas, o pedreiro estuprou mãe, a filha mais velha e a adolescente enquanto ainda estavam vivas, e depois foi embora levando consigo a calcinha da menor.

Na obra, Gilberto retirou as roupas que usou quando cometeu o crime, colocou-as em uma sacola e a escondeu em um contêiner na propriedade. Sem se preocupar em fugir, o criminoso continuou vivendo normalmente no local.

 

Denúncia anônima, pegada e o tufo de cabelo

Logo após a descoberta da chacina, a Polícia foi informada sobre os antecedentes de Gilberto, que já tinha duas passagens criminais.

Na mais recente, ocorrida em setembro deste ano, ele invadiu uma casa em Lucas do Rio Verde, surpreendeu a moradora enquanto ela dormia, e a estuprou. Antes de fugir, Gilberto tentou matar a vítima com um corte no pescoço, mas ela lutou e conseguiu escapar, mesmo ferida.

Uma outra pessoa que também residia na casa, teria então tentado intervir, mas foi agredida com um soco no rosto. Com as vítimas impossibilitadas, ele aproveitou para fugir em uma bicicleta.

JK Notícias

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Residência onde aconteceu o massacre

Já o outro crime foi um latrocínio que vitimou o jornalista Osni Mendes, em dezembro de 2013, em Mineiros (GO). Na época, Gilberto chegou a ser preso, mas devido à demora no indiciamento, ele foi solto cerca de cinco meses depois.

Quando foi intimado pela Justiça para prestar esclarecimentos sobre o crime, o pedreiro não foi localizado. Anos depois, em janeiro de 2018, foi expedido um mandado de prisão que colocou Gilberto na lista de foragidos.

O mandado só foi cumprido em 2023, após a chacina em Sorriso.

Em posse das informações, sem que Gilberto soubesse que já era considerado o principal suspeito, a Polícia Civil foi até a obra e interrogou todos os trabalhadores.

Segundo a investigação, o comportamento do pedreiro, que foi o único a não sair da construção para ver o que havia acontecido na casa ao lado, já mostrava estranheza.

Após breve conversa, foi constatado que havia uma falha no cabelo de Gilberto, além do fato de que ele deu diversas falas contraditórias ao ser questionado pelos investigadores.

Dessa forma, foi requerido que todos dessem seus calçados à Polícia, momento em que foi confirmado o envolvimento do pedreiro com o caso, pois o chinelo que ele usava correspondeu perfeitamente com uma pegada de sangue encontrada na casa.

O depoimento

Já na delegacia, o criminoso em série confessou os assassinatos, os estupros de Cleci e Miliane, mas disse que teria entrado na residência após se drogar, somente com o intuito de furtar.

Segundo ele, os estupros teriam sido cometidos “com os dedos”. Porém, o laudo da Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica) da adolescente de 13 anos confirmou que foi encontrado o material genético nas partes íntimas da vítima, comprovando a conjunção carnal.

Já sobre as outras integrantes da família, não foram divulgadas mais informações.

Indiciamento e denúncia

No dia 6 de dezembro, a Polícia Civil de Mato Grosso indiciou Gilberto por quatro homicídios qualificados e três estupros. As qualificadoras são por feminicídio, crueldade, recurso que dificultou a defesa das vítimas para assegurar a execução e garantir a impunidade de outro crime.

Contra as vítimas menores de idade, os homicídios receberam a qualificadora de crime cometido contra menor de 14 anos, previsto na Lei Henry Borel.

Na semana passada, no dia 15, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o pedreiro, e imputou uma causa de aumento de pena, pois os crimes foram praticados na presença física de ascendente e descendente das vítimas.