O papel da mãe é tão vasto e profundo que transcende fronteiras culturais e biológicas. Segundo Carl Gustav Jung, o arquétipo da mãe é presente em todos os seres-humanos e a mãe representa vida, fertilidade e nutrição. Para a sociedade em geral, ela é a encarnação do amor verdadeiro, incondicional e puro. Exemplos desse amor materno podem ser observados na natureza, onde mães de diversas espécies lutam pela sobrevivência e proteção de seus filhos, algumas até perdendo suas próprias vidas em defesa da prole.

Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de mães solteiras, que cresceu 17,8% na última década, passando de 9,6 milhões em 2012 para 11,3 milhões em 2022. Esse aumento reflete não apenas uma mudança nas estruturas familiares, mas também coloca desafios adicionais para essas mulheres em sua busca por independência financeira. Estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicam que a maioria dessas mães, mais de 70%, vive exclusivamente com seus filhos, sendo predominantemente mulheres negras, com um número que chega quase a 7 milhões, principalmente concentradas nas regiões Norte e Nordeste do país.

No Brasil, as mães solteiras constituem uma parte significativa da estrutura familiar, representando 61% das famílias. Essas mulheres desempenham múltiplos papéis, desde cuidar dos filhos em tempo integral até assumir responsabilidades financeiras. Para muitas delas, encontrar um equilíbrio entre essas responsabilidades é um desafio diário. Além disso, há as chamadas “mães atípicas”, enfrentando dificuldades ainda maiores para atender às necessidades de seus filhos, muitas vezes sendo obrigadas a abandonar o mercado de trabalho devido à falta de vagas em creches

O cenário que essas mães enfrentam é muitas vezes marcado por dificuldades financeiras, obstáculos educacionais e barreiras sociais. Muitas delas se veem obrigadas a aceitar trabalhos precários ou a permanecer em relacionamentos abusivos, tudo em nome do bem-estar de seus filhos e na busca de proporcionar uma “família tradicional” a eles.

É fundamental que a sociedade reconheça e valorize o papel essencial das mães e ofereça o apoio necessário para que possam desempenhar suas funções de forma digna e plena. Isso inclui políticas públicas que garantam acesso a creches e educação de qualidade para todas as crianças, oportunidades de emprego e capacitação profissional para as mães, bem como o combate efetivo à discriminação e violência de gênero.

2024 é um ano de eleição municipal, para escolher quem chefia o ente federado responsável pela existência e manutenção das creches. Quem sabe a maior prova de Amor a ser dada para as Mães ao nosso redor, seja apoiar a políticas públicas que as auxiliem a educar seus filhos.

Em última análise, para uma mãe, seu filho sempre será o melhor em sua visão, e é dever de toda a sociedade garantir que elas tenham as condições adequadas para criar e nutrir suas famílias da melhor maneira possível. O apoio coletivo às mães não é apenas uma questão de justiça social, mas também um investimento no futuro de nossas comunidades e na construção de um mundo mais justo e igualitário para todos.

Glaucia Amaral é advogada e procuradora do estado.

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