NATHALIA CORDEIRO
Mais preocupados do que prontos, essa é a realidade do produtor Mato-Grossense. Boa parte deles já está com as maquinas na roça, só esperando uma trégua da chuva que veio com tudo agora nesses últimos dias, mas a pura realidade é que grande parte dos produtores acredita que essa será mais uma safra de arrancar os cabelos do Colono.
Safra difícil, essa é a realidade da safra de soja 23/24. Mais uma vez a chegada tardia da chuva fez com que os produtores de grãos do Norte do Estado de Mato Grosso tivessem que replantar boa parte da safra planejada.
Estamos novamente diante de um cenário no qual ele perde pela falta de chuva e o que tudo indica, o prejuízo não será pequeno pelo excesso dela agora próximo da colheita. Logo, essa safra me faz recordar a safra 20/21.
Se colocarmos no papel, por cima, em 2023 tivemos um déficit de 350 milímetros de chuva acumulados e na última semana, em algumas Regiões Norte, em três dias choveram 450 milímetros. (É o relato de alguns produtores do Norte do Estado).
Sabemos que ainda é muito cedo para falarmos mais precisamente sobre a produtividade, mas vocês já pararam para pensar que esta não é nem o começo dos problemas que vamos vivenciar?!
Quando falo vamos vivenciar, é porque estou diariamente em convívio com o Produtor e não é de hoje que vejo as dificuldades que os mesmos carregam da porteira para dentro.
Vamos fazer de conta que a colheita está acontecendo para todos, vocês já pararam para pensar como fica a armazenagem? Vejam, são poucas as propriedades que possuem um sistema de armazenagem própria, e ainda que tenham, como fica o milho da safra passada que em muitas delas estão armazenadas? Sim, armazenadas esperando a oscilação do valor de mercado, visto que o preço não estava de acordo com a expectativa de venda do produtor.
E não vamos muito longe, será que produtor vai conseguir cumprir seus contratos de entrega de grãos nas Trading sem uma perca considerável? E a umidade, como lidar com ela nesse momento?
Alguém aí, além do Colono, está disposto a pagar o preço de colocar a sua expectativa, tempo e dinheiro todo depositado em solo, passar por tamanha burocracia no que tange a Regularidade de suas Documentações e ainda correr o risco de perder mais de 50% do investimento?
O que esperar diante de um cenário que mais uma vez a Capital Nacional do Agronegócio – Sorriso MT, decreta situação de emergência? A verdade é que de geração em geração a Agricultura vem fazendo acontecer, alimentando o mundo e na grande maioria, da porteira pra dentro e no português claro: LEVANDO FUMO.
NATHALIA CORDEIRO é Especializada em Direito Agrário e Agronegócios pela PROORDEM – GO.
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