O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) decidiu manter a prisão preventiva de Larissa Karolina Silva Moreira, de 28 anos, conhecida como a “serial killer de gatos”. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (16) pelo desembargador Lídio Modesto da Silva Filho, que negou o pedido de habeas corpus protocolado pela Defensoria Pública.

Estudante de Química da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Larissa é investigada por maus-tratos e morte de diversos gatos adotados ao longo do ano em Cuiabá. O caso veio à tona após uma ONG de proteção animal denunciar o desaparecimento de animais adotados pelo casal, formado por Larissa e seu companheiro.

A prisão da suspeita ocorreu na última sexta-feira (13), após policiais irem até sua residência, no bairro Porto, na capital. No local, foram encontrados vestígios de sangue e um filhote de cachorro, que foi entregue a uma ONG. Um dos gatos, supostamente morto, foi localizado próximo à casa. Larissa foi detida, permaneceu em silêncio durante o interrogatório e teve a prisão confirmada em audiência de custódia no fim de semana.

A juíza Silvana Ferrer Arruda, responsável pela audiência, considerou que, apesar de não ter antecedentes criminais, Larissa representa risco à sociedade. Ela também já responde a outros processos por ameaça, segundo decisão judicial.

A defesa alegou que não houve flagrante, já que os fatos investigados teriam ocorrido antes da abordagem policial. Reforçou ainda que a acusada é ré primária e pediu a substituição da prisão por medidas cautelares. No entanto, o desembargador Lídio Modesto entendeu que o flagrante foi legal, com base no artigo 302 do Código de Processo Penal, que permite a prisão mesmo após o crime, desde que haja indícios claros de autoria e materialidade.

Na decisão, o magistrado citou os depoimentos do namorado de Larissa, que relatou episódios de agressões físicas e afirmou que a companheira levava os gatos para casa com receio de sua desaprovação. Ele disse ainda que alguns dos animais adotados por Larissa desapareceram logo após a adoção, o que reforça a suspeita de maus-tratos.

De acordo com o desembargador, a frieza e a ausência de explicações plausíveis por parte da investigada agravam a situação. “A omissão deliberada de informações e a conduta reiterada de adotar e descartar os animais configuram um risco concreto à ordem pública e justificam a continuidade da prisão preventiva”, escreveu.

As investigações seguem sob responsabilidade da Polícia Civil e da Delegacia do Meio Ambiente. A suspeita pode responder por maus-tratos a animais com resultado morte, crime que teve pena agravada por lei federal sancionada em 2020.

(ODOC)