José Carlos Peres está afastado da presidência do Santos. A decisão foi tomada em reunião virtual do Conselho Deliberativo na noite desta segunda-feira. Mais de dois terços dos conselheiros aprovaram um parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS). Peres não participou do encontro.
Foram 176 votantes no total:
- 161 a favor do afastamento;
- 6 contra o afastamento;
- 9 abstenções.
O relatório, que leva em consideração informações analisadas pelo Conselho Fiscal, sugere a saída de Peres por irregularidades nas contas de 2019, além dos demais membros do Comitê de Gestão, à exceção do vice Orlando Rollo, que é quem assume o clube.
Rollo, afastado de suas funções desde 2018 por causa de divergências com Peres, seu desafeto, foi “poupado” pela CIS após apresentar sua defesa. No entendimento do órgão, o vice não teve participação na gestão.
Agora, o Conselho Deliberativo tem 60 dias para marcar uma assembleia entre os sócios para que seja votado um possível impeachment de José Carlos Peres. Enquanto isso, o presidente fica afastado de suas funções. Não há mais direito de defesa.
Motivos
O Santos fechou os números de 2019 com um superávit de R$ 23,5 milhões – o saldo positivo foi turbinado e ficou no azul por causa da venda de Rodrygo ao Real Madrid.
No início de junho, porém, o Conselho Fiscal do Santos emitiu um relatório apontando diversas irregularidades estatutárias nas demonstrações financeiras, como comissões pagas na transferência de Bruno Henrique ao Flamengo, uso de cartão corporativo por razões pessoais do presidente José Carlos Peres, além de diferença entre o que havia sido orçado e o que foi gasto.
À Comissão de Inquérito e Sindicância, os dirigentes do Santos apresentaram sua defesa. O presidente José Carlos Peres, por exemplo, diz que cancelou o cartão corporativo e tem devolvido a quantia utilizada; o clube alega não ter pagado comissão na transferência de Bruno Henrique e diz que é um dos que menos paga comissões a intermediários entre os brasileiros.
O que também havia sido citado pelo Conselho Fiscal era uma suposta contratação de um escritório de advocacia para defender Pedro Doria, membro do Comitê de Gestão, num caso pessoal. O dirigente, porém, nega.
Peres teve contas reprovadas em seus dois primeiros anos de gestão – 2019 e 2018, quando o clube registrou um déficit de R$ 77 milhões. Neste ano, a situação financeira segue complicada em razão da pandemia. No primeiro semestre de 2020, o Peixe registrou déficit de mais de R$ 40 milhões.
Protestos
A noite desta segunda também foi marcada por protestos da torcida do Santos na porta da Vila Belmiro, antes da reunião do Conselho Deliberativo. Os gritos pediam a saída de José Carlos Peres. (Globo Esporte)