O Inter informou nesta terça-feira que uma jogadora das categorias de base do clube foi responsável por arremessar um pedaço de banana no banco de reservas do Sport, durante o empate por 2 a 2 entre as duas equipes na tarde de segunda-feira, em Porto Alegre, pelo Brasileirão Feminino. O STJD determinou a perda de três mandos ao clube gaúcho.

Segundo Ivandro Morbach, vice-presidente do Conselho de Gestão do Inter, o contrato com a jogadora foi rescindido na manhã desta terça-feira. A identidade dela não foi divulgada, mas o Inter informou que ela tem 18 anos recém-completados e tinha chegado ao clube recentemente.

– Buscamos as imagens, apuramos o fato. Infelizmente aconteceu um gesto que partiu de uma atleta da base recém-chegada ao Sport Club Internacional. Imediatamente, ontem (segunda-feira) à noite a atleta já foi comunicada do seu desligamento, hoje pela manhã foi efetivado a rescisão do contrato, era um contrato ainda de formação. Uma resposta na hora do clube que não tolera, não relativiza, não normaliza qualquer episódio que fere de morte os valores do Sport Club Internacional como, por exemplo, qualquer ato discriminatório – declarou o dirigente.

O jogo válido pela terceira rodada já estava no fim quando o pedaço de banana foi arremessado da arquibancada do Sesc Campestre, na zona leste da cidade, em direção ao banco de reservas do Leão. Nas imagens da transmissão da TV Brasil, é possível ver a quarta árbitra Andressa Hartmann recolhendo o pedaço de banana para registrar o caso em súmula.

Tanto o Sport quanto o Inter divulgaram notas nas redes sociais condenando o fato. Também em nota, a CBF informou que enviou de imediato toda a documentação à Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) cobrando apuração rigorosa dos fatos.

Nesta manhã, Procuradoria do STJD pediu, de imediato, a perda de três mandos de campo do Inter por causa do episódio, com a realização das partidas longe de Porto Alegre com portões fechados. O pedido foi acatado pelo presidente do Tribunal antes do julgamento do caso.

Investigação na Polícia Civil

A diretoria do Sport também registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil do Rio Grande do Sul ainda na segunda-feira. Nesta terça, um inquérito foi aberto para investigar o caso, que ficará a cargo da Delegacia da Intolerância de Porto Alegre. A delegada Tatiana Bastos, responsável pela investigação, afirmou ter solicitado ao Inter acesso às imagens da partida.

– Nós recebemos esse caso hoje pela manhã e já pedimos acesso às câmeras de videomonitoramento, que são extremamente importantes para a gente perceber a dinâmica dos fatos. Também começamos a fazer as primeiras intimações para ouvir tanto os técnicos como torcedores e jogadores envolvidos – contou a delegada.

Ainda conforme a delegada, a partir das imagens será possível determinar se houve crime, a autoria e o tipo de enquadramento que será dado pela Polícia Civil. A pena para o crime de racismo no Brasil é de reclusão de dois a cinco anos, além de multa. A mesma pena também aplica-se à injúria racial.

– De acordo com a dinâmica, pode ser uma injúria racial, pode ser o crime subsidiário de prática discriminatória. E aqui, possivelmente, nós vamos enquadrar também no racismo recreativo, uma vez que foi feita ali uma piada de péssimo gosto. A gente chama de racismo recreativo quando há essa conotação jocosa. Isso é algo que não só é crime, como tem um apenamento ainda maior, um nível de reprovabilidade ainda maior por parte da legislação – explicou. (GE)