“Alô, alô pessoal, estamos começando o Oito Especial” …
Assim o jornalista Malik Didier abria o seu Programa na TV Brasil Oeste (Canal 8, todos os sábados, às 10 horas. A irreverência era a marca inconfundível de Malik e está gravada para sempre na memória de toda população de Mato Grosso e de outros estados que sintonizavam a TV Brasil Oeste (Rede Bandeirantes, na época), via satélite. “Olha gente, estou aqui para mostrar o que vocês gostariam de ver”

ACIDENTE

Batalhador, Malik começou no jornalismo na TV Centro América (Canal 4), em 1981, onde ficou até 84. Depois trabalhou na TV Brasil Oeste, do segundo semestre de 84 até fins de 86. Então, decidiu montar a sua própria produtora de vídeo. No início, tinha apenas uma Câmara VHS, um videocassete, um microfone e muita disposição para vencer. Três anos depois, em 89, venceu.

Proprietário da MBC Vídeo Produções, consolidou sua empresa como a maior e a melhor do ramo, em pouco tempo. Passou a produzir programas autônomos na TV Brasil Oeste. Além do “Oito Especial”, a MBC passou a produzir o programa Poliesportes, de Macedo Filho, e a coproduzir o jornal “Agora”, dirigido pela jornalista Rosana Vargas. A MBC encampou também algumas campanhas publicitárias. Malik estava radiante.

PESAR GERAL

Todos sentiram e lamentaram a morte prematura de Malik. Desde o início do mês de fevereiro de 92, ele estava preparando o desfile do bloco “Imprensando o Bebum”, que ajudou a fundar com Rosana Vargas e outros jornalistas, em 1987. Havia incumbido o ex-jogador Ernani (Mixto e Operário) de compor o samba enredo do Imprensando. Malik se foi, mas os jornalistas do Imprensando o Bebum, fizeram uma grande mobilização e o bloco desfilou no sábado gordo de Carnaval, no Parque de Exposição de Cuiabá, em sua homenagem. O ideário ficou. “Ele era o máximo”, afirmava Laura Lucena (hoje em Chapada dos Guimarães).
“Ainda não acredito”, disse Rosana Vargas, na noite de segunda-feira, dia 16, no Jornal de Mato Grosso Segunda Edição (TV Brasil Oeste), segurando para que as lágrimas não rolassem pelo seu rosto frente às câmeras. Nesse momento, ser profissional é muito difícil. “Ele não morreu; continua vivo na memória de cada um que o conheceu”, disse o repórter fotográfico Maurício Barbante, do então Jornal O Estado de Mato Grosso.

A melhor definição da época partiu do jornalista José Roberto “Bebeto” Amador, da TV Cidade Verde (SBT), Canal 12: “a televisão de Mato Grosso perdeu o seu Chacrinha”, relatou, numa alusão ao comunicador Abelardo Barbosa.

Com a morte de Malik, o jornalismo de Mato Grosso ficou mais pobre. Perdeu um símbolo.
O jornalista pode ser substituído.
O símbolo, jamais.