Um dos cenários mais preocupantes no Brasil atualmente, o do feminicídio, cometido por parceiro íntimo, em contexto de violência doméstica e familiar, foi vivido de perto por um dos integrantes do grupo de rap Conduta do Gueto, que decidiu dar visibilidade ao assunto com a música “Do Lar”. Unindo denúncia e informação no combate à naturalização da violência contra mulher, no dia 07 de junho, o grupo lança o videoclipe da obra, na Praça João Barbosa, bairro Mapim, em Várzea Grande, às 19h, com palestras de coletivos femininos, que promovem a conscientização e transformação social.

Gravado no início de abril, o curta-metragem se passa no bairro Mapim, em Várzea Grande, local de origem do grupo. “A escolha reforça o compromisso de levar a discussão para as periferias, onde o problema é mais agudo. No clip, o tema é abordado de forma realista com cenas explícitas, que visam levar toda uma gama de informação a respeito do feminicídio”, destaca o intérprete e compositor, Odílio da Costa, mais conhecido como Xito, que escreveu a letra a partir da própria vivência familiar.

O rapper mergulhou em pesquisas sobre feminicídio e decidiu transformar sua indignação em arte. Para garantir profundidade e sensibilidade ao tema, contou com a mentoria das fundadoras do Coletivo Mulheres do Hip Hop de Mato Grosso: Luana Tenreiro, Lígia Viana, Karla Vecchia, Franciely Almeida, além de sua irmã Laura. Os estudos reforçaram um dado alarmante: Mato Grosso, lidera o ranking nacional de mortes violentas de mulheres. Esse cenário motivou a criação da música “Do Lar” e, posteriormente, do videoclipe “Lar Feminicida”.

Viabilizado por meio do Edital N° 001/2023 da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura (MINC), na categoria Audiovisual, garantindo os recursos necessários para sua execução, o projeto visa atingir um público diversificado, mas com um foco especial nas mulheres da periferia, que podem enfrentar desafios únicos em relação à violência doméstica. Além disso, busca sensibilizar homens, promovendo uma mudança de mentalidade.

Selecionado com rigor temático e uma pitada de agradecimento, o elenco conta com Danielle Souziel, mulher negra que representa a maioria das vítimas de feminicídio, interpreta a protagonista “Mulher do Lar”, enquanto Ismael Diniz encarna o agressor. Destaque para Maria Aparecida “Dona Cida”, moradora do bairro, que participou do primeiro clipe independente do grupo, feito sem recursos, e teve participação impressionante e foi incluída na nova produção como gratidão e reconhecimento pelo apoio histórico.

“Mais que um videoclipe, o projeto é um manifesto, que, ao unir música, audiovisual e ação comunitária, expõe estatísticas e semeia reflexão e engajamento. A periferia vive dramas, mas também cultiva resistência. É nas ruas que a transformação começa”, reforça Xito.

Serviço:

Lançamento do curta-metragem “Lar Feminicida”

Dia 07 de junho, às 19h

Na Praça João Barbosa, bairro Mapim, em Várzea Grande