O presidente Jair Bolsonaro anunciou neste domingo que o governo da Rússia autorizou Robson Nascimento de Oliveira, ex-motorista do meia Fernando, do Beijing Guoan, a retornar para o Brasil após mais de dois anos detido no país europeu. A informação foi confirmada pelo advogado Pavel Gerasimov, que representa o brasileiro na Rússia. Robson já entrou em contato com familiares para confirmar a liberação. De acordo com o presidente, ele embarcará ainda nesta semana de volta para seu país natal, chegando ao Brasil na quinta-feira
A liberação de Robson por parte do governo russo era esperada desde o mês passado e dependia apenas da assinatura do presidente Vladimir Putin para ser concretizada. O pedido passou por uma comissão regional e pelo prefeito de Moscou antes de chegar às mãos de Putin, que tem o poder de confirmar o perdão ao brasileiro.
Robson foi preso em março de 2019 ao chegar à Rússia para trabalhar com o meia Fernando, que na época atuava no Spartak de Moscou e hoje está no Beijing Guoan, da China. Ele carregava uma mala com caixas do medicamento Mytedon – cloridrato de metadona -, que é legalizado no Brasil, mas proibido no país europeu. Ele alegou que os remédios seriam para o sogro de Fernando, William Pereira de Faria, mas nem o meia nem seus familiares confirmaram a informação. Depois, Fernando se transferiu para o futebol chinês, mas Robson permaneceu preso na Rússia.
Desde que o drama de Robson foi contado em reportagem do Esporte Espetacular, a causa de “Justiça por Robson” ganhou apoio nas redes sociais, incluindo de atletas como Richarlison. A visibilidade do tema fez com que ele fosse levado ao presidente e, desde então, o caso tornou-se motivo de negociação diplomática.
Inicialmente, as primeiras tratativas analisadas pela defesa do brasileiro cogitavam a possibilidade de a diplomacia brasileira trabalhar numa transferência para cumprimento da pena no Brasil. Dessa forma, Robson seria transferido para um presídio brasileiro e teria de finalizar sua pena no país. O pedido tramitaria sem a participação dos governos, sendo uma negociação já prevista por tratados entre os dois países em que os sistemas judiciários participariam. O pedido de perdão foi uma novidade surgida após a sentença condenatória de três anos, considerada baixa para o histórico desse tipo de julgamento no país.
Entenda o caso
Robson e a esposa, Simone, trabalhavam para Fernando na época em que o meio-campo revelado pelo Grêmio e com passagem pela seleção, jogava no Spartak de Moscou. Eles foram contratados pela família do jogador e embarcaram para a Rússia transportando, a pedido do sogro de Fernando, um medicamento legalizado no Brasil, mas proibido em território russo, o Mytedon – Cloridrato de metadona.
Na época, Robson alegou que não sabia o que tinha na mala, e que a família havia informado que a bagagem estava apenas com algumas roupas e mantimentos. O brasileiro acabou detido no aeroporto em Moscou, e preso trinta dias depois, acusado de ser dono do medicamento. Posteriormente, foi condenado por tráfico internacional de drogas e contrabando.
Este remédio seria usado pelo sogro do atleta para amenizar dores na coluna e foi comprado com receita médica endereçada a ele, por um funcionário da família no Brasil. As informações de que o remédio era de William e não de Robson foram confirmadas pelos advogados da família de Fernando e pelo próprio jogador, em diversas entrevistas ao Esporte Espetacular.
O verdadeiro dono do medicamento, no entanto, nunca prestou depoimento às autoridades russas, nem concedeu entrevista à imprensa. Nos únicos depoimentos prestados à polícia pela família do jogador, dados por Fernando e sua mulher Raphaela, eles afirmam que desconheciam a existência dos remédios e não confirmaram o relato do motorista, que narra que o medicamento fora colocado na mala sem o conhecimento dele.
Fernando e a esposa se mudaram para a China, após o jogador ter acertado uma transferência do Spartak para o Beijing Guoan, no meio de 2019. Os pais de Rafaela saíram da Rússia uma semana após a prisão de Robson. Após negociações, a defesa do motorista passou a ser paga pela família do jogador Fernando. O contrato se mantém até o momento. (Globo Esporte)