DAYANE NASCIMENTO

Tenho ouvido empresários relatando as dificuldades e conflitos de gerações dentro das empresas. Primeiro para contratações, necessidade de flexibilidade e plano de crescimento muito rápido. Quando já estão na empresa, a dificuldade em engajar e se manterem por no mínimo tempo razoável.

O que me fez refletir é que esse mesmo público que hoje está na condição de superexigente com as empresas que vão trabalhar, serão ainda mais quando forem os consumidores. A ideia é fazer a reflexão que esse será o público que daqui a 10 ou 15 anos estará com o poder de consumo nas mãos e as empresas precisarão estar atentas para atendê-los bem.

Como atrair um cliente exigente e pragmático? Como comunicar e gerar conexão com pessoas com identidades fluidas e sem rótulos? Como fidelizar um cliente que tem a autonomia como inegociável? Penso que a solução é entender as necessidades deles, adaptar o que for possível para desde já tornar a empresa preparada para atendê-los no futuro.

Quando usamos a palavra “futuro” talvez não fique claro a urgência do tema: hoje a geração Z, composta por indivíduos nascidos entre 1997 e 2012, já representa uma parte significativa da população mundial. No Brasil, esse grupo totaliza 34 milhões de pessoas, o equivalente a 16% da população; globalmente, são 2 bilhões de pessoas ou 32% da população.

Além disso, em 2020, uma pesquisa do Bank of America havia apontado que a geração Z possuía um poder de compra relevante, que chegava a 7 trilhões de dólares, mas que a estimativa era alcançar 33 trilhões de dólares até 2031. Os estrategistas dizem que estamos vivendo uma “revolução” que vai favorecer alguns nichos em detrimento de outros.

Os setores mais favorecidos incluem comércio eletrônico, pagamentos, luxo, mídia e ESG (sigla para padrões ambientais, sociais e de governança), enquanto segmentos como álcool, carnes, carros e viagens podem ficar para trás. As implicações de investimento precisam incluir ainda o ativismo sustentável impulsionado por consumidores cada vez mais exigentes.

Quem são esses jovens que estão colocando o mundo de cabeça para baixo? Conhecidos como “nativos digitais”, eles conseguem interagir muito bem com a diversidade de mídias disponíveis, a velocidade no tráfego de informação, a interatividade no ambiente virtual e o uso cotidiano desses ativos tecnológicos. Tudo isso imprime a eles polivalência, agilidade, curiosidade, eles também são autodidatas, adeptos da praticidade, extremamente realistas e lógicos.

Outro ponto forte a se considerar é que a geração Z está muito mais inclinada ao empreendedorismo e prefere trabalhar em casa. Além de estar menos focada em dinheiro e mais em qualidade de vida. Como são pessoas bastante idealistas, acreditam que é possível conectar realização pessoal, aperfeiçoamento da sociedade e estilo de vida.

Para chamar a atenção desta geração e vender mais, podemos destacar alguns pontos importantes, entre eles, que a marca tenha um propósito, seja sustentável, use as redes sociais certas, crie conteúdos divertidos e compartilháveis, tenha um site responsivo, aposte em influenciadores digitais, crie experiências personalizadas, desenvolvam atendimento integrado dos canais, tenha provas sociais, faça promoções atraentes e construa uma comunidade on-line.

Ufa, é muita coisa! Mas como dizia o filósofo grego Heráclito, “nada existe de permanente a não ser a mudança”. Não adianta espernear, criticar, apontar defeitos. Se quisermos sobreviver a este mercado que muda constantemente, precisamos ajustar o olhar para agregar novos pontos de vista. O futuro já está batendo à nossa porta, vamos abrir ou não?

(*) DAYANE NASCIMENTO é consultora marketing com formação na UFMT, especialista em planejamento estratégico e economia comportamento pela ESPM/SP e empresária

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