A Assembleia Legislativa de Mato Grosso instalou, nesta quinta-feira (24), a Frente Parlamentar de Enfrentamento à Hanseníase, iniciativa liderada pelo primeiro-secretário Dr. João (MDB) que pretende transformar o estado – atual campeão nacional de casos da doença – em modelo de combate e tratamento eficaz. O movimento surge com três eixos prioritários: pesquisa científica inédita, atualização de tratamentos e campanhas massivas de conscientização.

“Já que somos campeões em casos, vamos ser o estado modelo que vai fazer pesquisa a fundo e encampar esta batalha”, declarou Dr. João, anunciando a criação imediata de um grupo de trabalho.

O parlamentar, médico com 40 anos de experiência, fez analogia contundente: “Trato infecções urinárias há décadas e os medicamentos evoluíram. A hanseníase merece a mesma atenção – não podemos ficar presos a protocolos ultrapassados”.

Os números apresentados pela SES pintam um quadro urgente: Mato Grosso registrou em 2021 a taxa de 58,79 casos novos por 100 mil habitantes, com Cuiabá apresentando 22,45 casos na mesma proporção. Um cluster de 41 municípios concentra os maiores riscos, enquanto 16 cidades permanecem em silêncio estatístico, possivelmente por subnotificação.

Guilherme Maluf, conselheiro do TCE e um dos idealizadores da frente, alertou: “É doença altamente infecciosa – transmite-se antes dos sintomas aparecerem. O tratamento tríplice recomendado pelo Ministério da Saúde pode estar obsoleto frente a bactérias resistentes”. Ele citou o histórico sombrio do antigo leprosário de Cuiabá e do Caí Caí – nome de um local originado pelas mutilações causadas pela doença.

A frente parlamentar surge com um plano abrangente que inclui desde pesquisas pioneiras para mapear a bactéria em território mato-grossense até campanhas massivas de conscientização através da TV AL e rádios estaduais. “Temos a TVAL e a Rádio, precisamos fazer conscientização para as pessoas sobre a hanseníase”, destacou Dr. João, enquanto Maluf sugeria parcerias inovadoras com o agronegócio para doação de medicamentos.

Dr. João foi enfático: “Vamos atrás de recursos imediatamente. A Comissão de Saúde e toda ALMT estão mobilizadas”. A SES destacou o desafio extra – a carência de médicos no interior para diagnósticos precisos.

Maluf sugeriu parceria com o agronegócio para doação de medicamentos, enquanto Dr. João reforçou: “Esta frente não será só discurso. Vamos ouvir pacientes, especialistas e entregar resultados concretos”.

Com o Brasil como 2° país em casos no mundo (atrás apenas da Índia), Mato Grosso, conforme Dr. João, assume a dianteira de uma batalha que pode reescrever a história do combate à hanseníase nas próximas décadas.