A imagem mostra a embarcação IJN Teruzuki, que foi um dos 13 navios encontrados pela equipe de pesquisadores — Foto: Ocean Exploration Trust

Uma missão liderada pela organização americana Ocean Exploration Trust (OET) descobriu 13 navios naufragados durante as intensas batalhas navais da Segunda Guerra Mundial no Estreito de Iron Bottom, próximo a Guadalcanal, nas Ilhas Salomão (Oceano Pacífico). A bordo do navio de pesquisa E/V Nautilus, a equipe usou tecnologia de ponta para mapear e filmar os destroços, incluindo embarcações americanas, australianas e japonesas que repousam no fundo do mar há mais de 80 anos.

Tecnologia à serviço da arqueologia

Durante 22 dias, a expedição marítima usou veículos operados remotamente (ROVs) e um veículo de superfície não tripulado (USV) DriX, controlado remotamente a partir de Honiara, capital das Ilhas Salomão, para mapear mais de 1.000 km² do fundo do oceano. Essa abordagem permitiu a criação dos mapas mais detalhados já feitos da região, e viabilizou mais de 138 horas de inspeções subaquáticas, alcançando profundidades de até mil metros.

Veículo operado remotamente Hércules captura imagens dos destroços do submarino alemão U-166. O ROV Hércules foi um dos dois veículos usados para explorar naufrágios durante a expedição de Arqueologia Marítima de Guadalcanal — Foto: Ocean Exploration Trust.
Veículo operado remotamente Hércules captura imagens dos destroços do submarino alemão U-166. O ROV Hércules foi um dos dois veículos usados para explorar naufrágios durante a expedição de Arqueologia Marítima de Guadalcanal — Foto: Ocean Exploration Trust.

O Estreito de Iron Bottom é conhecido por ser um dos locais mais letais da Segunda Guerra no mar. Ao todo, mais de 20 mil vidas foram perdidas nas batalhas navais, que resultaram no naufrágio de 111 embarcações e 1.450 aeronaves. Apesar de décadas de pesquisa, muitos destroços permanecem desaparecidos.

“Foi maravilhoso retornar ao Estreito de Iron Bottom, onde encontramos navios japoneses, australianos e americanos há mais de 30 anos”, afirma Robert Ballard, oceanógrafo e presidente do Ocean Exploration Trust, em comunicado. “Desta vez, conseguimos filmar os locais com qualidade sem precedentes e compartilhar tudo ao vivo com o mundo.”

Os destroços da HMAS Canberra estão na imagem, que demostra a importancia histórica da região onde foi encontrada na Segunda Guerra Mundial — Foto: Ocean Exploration Trust
Os destroços da HMAS Canberra estão na imagem, que demostra a importancia histórica da região onde foi encontrada na Segunda Guerra Mundial — Foto: Ocean Exploration Trust

A missão teve apoio da NOAA Ocean Exploration e do Ocean Exploration Cooperative Institute, ambos dos Estados Unidos, e buscou não apenas realizar avanços científicos e tecnológicos, mas também promover o engajamento do público com a história marítima.

“O uso da embarcação não tripulada aumentou imensamente a eficiência da exploração, pois conseguimos mapear novos alvos enquanto os ROVs eram operados pelo Nautilus”, explica o Dr. Larry Mayer, diretor do Centro de Mapeamento Costeiro e Oceânico da Universidade de New Hampshire.

Além da inovação tecnológica, a expedição também teve um caráter simbólico: relembrar o sacrifício dos marinheiros que lutaram com bravura em uma das campanhas navais mais sangrentas da história. “Marinheiros não iniciam guerras. Eles apenas cumprem seu dever. E, nas águas do Estreito de Ferro, cumpriram-no com extrema perseverança”, destacou o contra-almirante aposentado Samuel J. Cox, diretor do Comando de História e Patrimônio Naval dos EUA.

Para o cientista-chefe do OET, Dr. Daniel Wagner, a missão é um lembrete de que o oceano profundo ainda guarda inúmeros mistérios. “Essas descobertas mostram quantas histórias ainda estão escondidas nas profundezas do mar, esperando para serem contadas.”