A secretária-adjunta da Sinfra-MT, Nívea Calzolari, ouviu atentamente as reclamações de moradores, empresários, guias turísticos e autoridades da Chapada dos Guimarães (65 km de Cuiabá), durante audiência pública realizada na noite desta quinta-feira (7), na Câmara Municipal. Encontro requerido pelo deputado estadual Wilson Santos, vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente Recurso Hídricos e Minerais da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
A população reclama do fechamento parcial da MT-251, Rodovia Emanuel Pinheiro, no trecho conhecido como Portão do Inferno, o que estaria trazendo prejuízos ao comércio e ao turismo do município pela diminuição no fluxo de visitantes, dificuldade no escoamento da produção da agricultura familiar e no tráfego de usuários da rodovia nos dois sentidos, inclusive de universitários que estudam na capital do estado.
Desde o início do período das chuvas, o local tem sofrido com deslizamentos de rochas e movimentação de pedras que se desprendem do paredão no local. O que, segundo a Sinfra, coloca em risco o tráfego de veículos pelo local.
Como medida inicial, a Secretaria instalou telas de contenção ao longo do trecho com mais crítico de deslizamento e restringiu o tráfego a veículos de até 2 toneladas. Isso, quando não está chovendo, momentos em que a interdição é total.
“Essas são medidas emergenciais. As telas são capazes de conter pedras de até 10, 15 toneladas para que não atinjam a pista. A medida já se mostrou eficiente em várias partes do país, como em São Paulo. Também estamos retirando várias pedras sob risco de queda. Estamos monitorando toda a região e fazendo estudos técnicos para chegarmos a uma solução definitiva. Já ficou provado que há infiltração de água nas rochas, inclusive na parte inferior do viaduto do paredão do inferno. Existe risco de movimentação de rochas e desmoronamento. Limitamos o tráfego para colocar em risco a vida das pessoas”, disse a secretária.
“Estamos ilhados na Chapada, não conseguimos sair ou entrar livremente na cidade. Chapada já virou chacota em todo o país, o que afasta os turistas que têm medo de passar pelo portão do inferno e não vêm à nossa cidade. Já perdemos mais de 80% do fluxo de turistas e estamos demitindo funcionários de todos os setores. Já tive que dispensar três funcionárias”, disse a dona de uma pousada que tem 25 apartamentos cuja lotação não tem conseguido chegar a 20%. Queremos a volta dos nossos turistas e da nossa economia ou vamos falir”, disse uma em empresária do ramo da hotelaria.
O engenheiro Wilson Conciani, contratado pela Sinfra, fez uma apresentação audiovisual mostrando resultados dos estudos preliminares. A apresentação mostra rachaduras e buracos internos nas rochas por onde corre a água das chuvas, desmoronamento do assoalho que sustenta o viaduto e grande quantidade de água em um dos lados de sustentação. Imagens feitas através de tomógrafos especiais que “dão uma visão do todo”.
Assim a gente tem informações do todo do maciço de rochas e não apenas de pontos específicos, o que nos permite tomar decisões mais acertadas. Existem muitas soluções possíveis, qual a Sinfra vai escolher depende dos impactos sociais e das capacidade técnicas e econômicas. Entre elas, a continuidade da colocação de telas de contenção; a construção de uma estrutura, tipo um túnel falso, que impede que possíveis deslizamentos atinjam os carros que estão passando por eles; uma ponte sobre o precipício deixando o trânsito livre ou ainda, túneis curtos reais, de até 80 metros, através das rochas para que a gente saia da região de risco”, explicou.
O geólogo Caiubi Kuhn, discorda que esteja havendo deslizamento de rochas sob o viaduto do portão do inferno. Segundo ele, as placas estão “equilibradas” e não há risco de desmoronamento do viaduto. A movimentação captada pela tomografia seria uma movimentação normal.
“Do ponto de vista geológico, existe na parte de baixo do pontilhão um processo de desprendimento de blocos. Porém, quando se olha o pontilhão em si, não há indicativo de que esteja havendo movimentação da ponte em si. Temos que entender que aqueles blocos têm uma continuidade lateral horizontal que acaba funcionando como uma sapata, uma parte plana que segura as unidades. É lógico que precisa ser monitorado, mas hoje, naquele local não existe indicativo de que a movimentação geológica esteja afetando o pontilhão”, explicou.
“Vejo que a solução hoje, é terminar as ações emergenciais que estão sendo feitas e liberar as duas pistas da MT-251; não tem outro caminho. Qualquer medida mais complexa vai levar 1, 2 anos, e a população da Chapada não pode esperar. Não há justificativa para manter um siga e pare após a instalação das medidas emergenciais”, completou.
Aline Assunção, representante da Associação de Guias e Condutores de Chapada dos Guimarães, entregou às autoridades um abaixo assinado pedido a abertura da MT-251 e uma séria e medidas, como a instalação de balanças para que veículos maiores, a exemplo dos ônibus, possam voltar a trafegar na rodovia, melhorando assim a logística para os estudantes do município, que precisam se deslocar a Cuiabá para cursos de formação superior.
O deputado Wilson Santos cobrou da Sinfra uma solução definitiva para o problema.
“Nosso objetivo aqui era ouvir a população e os técnicos do governo e sair com uma solução. Contudo, fomos informados pela secretária Nívea Calzolari, que gentilmente compareceu a esta audiência, que apenas na próxima terça-feira (12), a Sinfra receberá os estudos finais que irão apontar algumas soluções para então decidir que obra será feita e em que prazo. Vamos aguardar e cobrar um cronograma oficial com início, meio e fim das obras. Já marcamos nova audiência para 14 de abril, onde esperamos que esta resposta/projeto seja apresentado e já em execução. Até lá, espero que as medidas emergenciais funcionem e que o trânsito possa ser liberado o quanto antes”, asseverou o parlamentar.
(Robson Fraga)