Huangdi, o Imperador Amarelo, e o Escorpião Rei do Antigo Egito são duas figuras proeminentes do passado que habitavam em um mundo nebuloso entre o que era mito e história verídica. Porém, seria possível que ambos fossem, na verdade, a mesma pessoa? Embora essa seja uma teoria completamente bizarra, um pesquisador chinês acredita ter provas que sustentem o caso.
Em um novo artigo, ainda não revisado por pares, Guang Bao Liu argumenta que o governante egípcio conhecido como Escorpião I era a figura registrada como Imperador Amarelo nos documentos chineses. Contudo, essa é uma afirmação bastante ousada, uma vez que egiptólogos ainda estão determinando a verdadeira identidade do Escorpião Rei e alguns até mesmo contestam a sua existência.
Teoria mirabolante
(Fonte: Wikimedia Commons)
O pesquisador baseia sua nova teoria em diversas evidências. Em primeiro lugar, diz-se que o Escorpião Rei teria unificado o Alto e o Baixo Egito ao derrotar um rei que usava um chapéu de touro. Da mesma forma, os registros chineses afirmam que o Imperador Amarelo derrotou o Imperador Yan, que curiosamente também usava um chapéu com cabeça de vaca, unificando as duas tribos de Yan e Huang no processo.
A teoria também faz sentido cronologicamente. Segundo a lenda, o Escorpião Rei governou o Antigo Egito há cerca de 5,2 mil anos, o que se encaixa vagamente na lenda chinesa dos 5 mil anos de civilização de Huangdi. Por último, existem algumas semelhanças intrigantes entre os hieróglifos e a escrita chinesa.
O artigo argumenta que o símbolo do escorpião encontrado na tumba de Escorpião I está ligado ao protótipo do personagem Huangdi, que significa “amarelo” em chinês. Muitos escorpiões encontrados no Vale do Nilo também são amarelos, o que daria mais um “tempero” para essa conexão aparentemente bizarra.
Limiar entre mito e realidade
(Fonte: Wikimedia Commons)
Quando ouvimos o termo “Escorpião Rei”, automaticamente imaginamos Dwayne Johnson correndo pelo deserto sem blusa. No entanto, alguns historiadores acreditam que o Escorpião Rei foi uma figura histórica real que se tornou o primeiro verdadeiro governante do Alto Egito por volta de 3200 a.C. De qualquer forma, este período da história egípcia é incrivelmente obscuro, reunido por fragmentos estranhos de evidências e registros arqueológicos.
Outros estudiosos acreditam que Narmer foi o verdadeiro unificador do Egito e o fundador da Primeira Dinastia — sendo potencialmente a mesma pessoa. Porém, há também quem diga que Narmer na realidade foi o Escorpião II. O novo artigo vai ainda mais longe ao sugerir que Narmer é, na verdade, Yu, o Grande, outro lendário rei que estabeleceu a dinastia Xia.
A respeito do Imperador Amarelo, os registros históricos chineses também parecem ser bastantes confusos. Diz a lenda que esta figura divina se tornou o primeiro governante de terras que mais tarde se tornariam a China em 2697 a.C., depois de unificar as tribos da planície do Rio Amarelo sob um único governo.
Qualquer que seja a realidade sobre o assunto, a teoria destaca como mitos de todo o mundo partilham certos temas arquetípicos. Isso seria um reflexo de como duas terras distantes podem imaginar seus próprios passados separados, mas evocando histórias impressionantemente semelhantes.