O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou as pressões que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sofrido recentemente. As declarações foram dadas durante o fórum inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social, da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em Genebra, na Suíça.
Na avaliação do presidente, o ministro está fazendo o possível para ajudar empresários a buscar meios para compensar a desoneração da folha de pagamento e no momento, a decisão depende só do Senado e dos empresários.
“Haddad buscou aumentar arrecadação”
Na Suíça, quando perguntado sobre o assunto, Lula disse que “se em 45 dias não há acordo sobre a compensação, a desoneração acaba”. A Medida Provisória de Haddad buscava aumentar a arrecadação em R$ 29,2 bilhões, ultrapassando o R$ 26,3 bilhões que o montante de desoneração programado para 2024.
Segundo o presidente, Haddad é um ministro extraordinário e neste caso ele buscou uma alternativa, mesmo sem haver necessidade de interferir. Lula afirmou ainda que “desde que me conheço por gente, todo ministro da Fazenda vira assunto, seja quando dá certo ou quando dá errado”.
Harmonia entre geração de empregos e responsabilidade fiscal
Para os próximos anos, Lula voltou a falar sobre o seu desejo de adotar uma combinação entre geração de empregos e responsabilidade fiscal. O presidente disse apostar também em uma forte reindustrialização do país.
“Somente a indústria automobilística anunciou investimentos de US$ 25 bilhões, o que não acontecia no Brasil há mais de 40 anos. Um país que gera condições de investimento está protegendo seus trabalhadores, está gerando emprego e permitindo que a massa salarial cresça”, informou Lula.
Ao citar o foco na geração de empregos, o presidente lembrou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) para o primeiro trimestre. Durante o período, a taxa de desocupação caiu para 7,9%, o menor nível desde 2014.
Lula volta a citar taxação de fortunas
Durante o evento, Lula cobrou mais uma vez que os ‘super-ricos’ devem ter as suas fortunas taxadas. Segundo ele, os países com maior poder aquisitivo precisam pagar essa conta e não podem monopolizar os recentes recursos de inteligência artificial (IA).
Ao longo do discurso, o presidente “cutucou” o bilionário Elon Musk – sem o citá-lo nominalmente – “a concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais. Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”.
Na visão do político, é necessário que se crie um projeto de IA para o Sul Global (países em desenvolvimento). “Essas ferramentas têm capacidade de transformar o nosso modo de vida”. Para ele, ampliar o raio de países com essas tecnologias é primordial para não reforçar hierarquias geopolíticas.
Lula recusa convite para conferência sobre guerra
O presidente Lula voltou a recusar, nesta quinta, o pedido da presidente do país anfitrião, Viola Amherd, para que ele participasse ativamente da conferência de paz sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Em nota, o Palácio do Planalto informou: “O Brasil volta a reiterar a posição de que uma solução para a crise demandaria a participação de representantes dos dois lados do conflito [Rússia não terá representantes]. E reiterou o interesse do Brasil de participar e ajudar a viabilizar discussões de paz entre as duas partes”.
O país será representado no encontro pela embaixadora brasileira na Suíça, Claudia Fonseca Buzzi. Ela atuará apenas como observadora.
(Terra)