Segundo dados preliminares divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, a balança comercial de Mato Grosso apresentou saldo positivo de aproximadamente U$ 25 bilhões em 2024. Saldo da balança comercial é o resultado da soma de todas as exportações, menos as importações em determinado período. A economia do estado exportou U$ 27,7 bilhões e importou apenas U$ 2,8 bilhões. Os principais produtos foram soja em grãos e derivados da soja, algodão, milho, carnes in natura e processadas.

Do lado das importações, os produtos mais comprados por mato-grossenses foram adubos químicos, fertilizantes agropecuários, bens de capital (maquinários), bens de consumo e aeronaves. O estado ampliou o portfólio de países para os quais exporta, chegando a 148. Mas o maior parceiro comercial continua sendo a China.

Leia Também:
– Guerra comercial beneficia Mato Grosso

– Perspectivas econômicas 2025

– Vivaldo Lopes afirma que reforma tributária vai melhorar muito a vida dos empreendedores

– Governo “quebra o termômetro ao invés de resolver a febre”, avalia Vivaldo Lopes

– As dores do crescimento

– Capital humano

– Nova matriz econômica

– Queda na produção agrícola

– Trapalhada corporativa

– Crescimento continuado

– Impactos econômicos e sociais

– Ambiente de negócios em Mato Grosso

– A agropecuária impulsiona a industrialização

– Macrotendências de Mato Grosso

– Gestão fiscal dos municípios

– A economia de Mato Grosso em 2024

– Expectativas econômicas

– Pouso suave dos juros

– A década dourada

– Inflação e crescimento econômico

– As novas regras fiscais

– Mato Grosso e a China  

– Queda na arrecadação do ICMS

– MT vai crescer mais que o país em 2023 mesmo com queda na arrecadação do ICMS

– Sustentabilidade econômica e ambiental

– Mato Grosso competitivo

– Ciclo Industrial de Mato Grosso

– Crescimento econômico e Agenda Social

– Recuperação econômica mundial

– Novo ICMS e redução de danos

– A montanha vai parir um rato

– Governo “quebra o termômetro ao invés de resolver a febre”, avalia Vivaldo Lopes

– Medidas para reduzir a conta de luz

– Tentativa de suspender aumento da energia é “Frankenstein jurídico e econômico”, diz economista Vivaldo Lopes 

– Alimentos e combustíveis devem continuar a subir em 2022, avalia economista

– A guerra econômica!

– Descolamento econômico pantaneiro

– A assombração chamada inflação

– Cenário econômico 2022

– Crescimento  das receitas dos estados

– A década de ouro

– Perspectivas econômicas para 2022

– Inflação e crescimento em 2022

– Novas Ferrovias

– Desafios econômicos de 2022

– Mato Grosso quer crescer!

– Pandemia e economia

 Retração econômica e inflação

– O estrago econômico da Covid-1

– A Petrobrás é nossa?

– Condições para o crescimento

– Cerrado no Nobel da Paz

– Esperando Godot

Divulgação

A despeito de ter desenvolvido um excelente fluxo comercial com grande número de países, tornando o comércio exterior um componente relevante do crescimento econômico, Mato Grosso tem sua matriz econômica caracterizada pela exportação de bens agropecuários e extrativos primários e semi-elaborados, principalmente soja e carnes bovina, frangos e suína.  A industrialização da produção agropecuária avança a passos largos, mas atende prioritariamente o mercado interno, com baixa inserção na corrente de comércio exterior.

Segundo a mesma Secex/Midc, a balança comercial do Brasil teve saldo comercial positivo de U$ 74,5 bilhões. O segundo maior da série histórica desde 1997. Menor apenas do saldo histórico de U$ 99 bilhões de 2023. O país exportou U$ 337 bilhões e importou U$ 262,5. A corrente de comércio exterior (exportações mais importações) também é o maior da série, atingindo o montante de U$ 599 bilhões.

Nas exportações, em razão da queda de safra e de preços dos produtos agrícolas, pela primeira vez, petróleo bruto e combustíveis foram os principais produtos exportados pelo Brasil, superando a soja, seus derivados e minério de ferro que sempre lideraram a pauta de produtos exportados pelas empresas brasileiras.

As importações tiveram aumento expressivo. O destaque foi o aumento das compras de bens de capital, para aumento das bases produtivas industrial e comercial, crescimento da aquisição de bens intermediários (insumos industriais), bens de consumo, veículos automotores e aeronaves. Todos esses movimentos refletem um consumo interno aquecido pelo aumento do emprego e da renda do trabalho.

O aumento das importações de bens intermediários e bens de capital é uma boa notícia. Significa que as empresas estão importando mais para aumentar a produtividade e a capacidade produtiva a fim de atender a demanda doméstica aquecida.

A leitura do saldo da balança comercial é vista de forma positiva pelos especialistas, pois as exportações ficaram no mesmo patamar elevado de 2023. A queda do saldo comercial se deu pelo aumento das importações, impulsionadas pelo aumento das compras no exterior de bens de consumo pelas famílias, veículos automotores, bens intermediários e bens de capital pelas empresas.

Trabalho com o cenário base que Mato Grosso vai aumentar suas exportações em 2025. As molas propulsoras do aumento das exportações do estado são  a boa safra agrícola deste ano e o aumento das importações da China que comprará mais soja, milho e carnes do Brasil e menos dos Estados Unidos, como forma de enfrentar as agressivas medidas de restrições comerciais que o presidente Donald Trump promete impor aos chineses.

O cenário para a economia nacional em 2025, no comércio exterior, não será muito diferente de 2024. O saldo comercial será maior que o verificado em 2024, podendo chegar a U$ 80 bilhões. As exportações devem ficar em patamar elevado e até subirão um pouco. As importações serão reduzidas pela retração da atividade econômica, pressionada pelo elevação do custo do crédito (Selic em 14,25%), taxa cambial próxima de R$ 6, insegurança sobre a capacidade da administração federal conseguir equilíbrar as contas públicas e incertezas causadas pelas medidas inflacionárias que o presidente Trump promete implantar nas áreas tributária (reduzir impostos das empresas e das famílias) política monetária (cobrir déficits fiscais com expansão da dívida) e comércio exterior (aumentar tarifas de importação de produtos originários da China, União Europeia, Canadá e México).

Todas essas medidas produzirão alto impacto na precificação do dólar. Como consequência, afetarão as economias de todos os países, com efeitos mais negativos nas moedas e políticas monetárias dos países emergentes, como é o caso do Brasil.

 

*VIVALDO LOPES DIAS   é professor e economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em  MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP. Autor do livro “Mato Grosso, Território de Oportunidades”.  

E-MAIL:                        vivaldo@uol.com.br

CONTATO:                  www.facebook.com/vivaldolopes