A maior crise vivida por Fernando Diniz nesta segunda passagem pelo Fluminense teve estopim no último sábado, com a derrota por 2 a 1 para o Atlético-GO, no Maracanã. Vaiado e na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o treinador vê o coro pela sua demissão ganhar força nas arquibancadas. No momento, a queda não deve acontecer. Mas a questão em aberto é: quantas derrotas mais essa corda aguenta antes de se romper?
Entre os membros da diretoria do Fluminense, o assunto já foi discutido. Algo inevitável tendo em vista a 19ª colocação no Campeonato Brasileiro. Mas sempre se chegou à decisão pela manutenção do trabalho. Existe, sim, a cobrança por melhores resultados e desempenho, mas a principal busca nos corredores do CT Carlos Castilho têm sido outra: entender o quê gerou esta crise. Um “elo” se perdeu. Mas qual?
Reuniões são feitas a todo momento. É identificado que o Fluminense tem problemas em praticamente todas as principais áreas do jogo. No lado técnico, com atletas errando demais e aparentando estar com menos confiança do que antes; no lado físico, entre lesões e problemas na preparação devido a falta de pré-temporada; e o aspecto tático, onde a equipe se tornou previsível e sem soluções para enfrentar adversários mais qualificados.
Apesar dos pesares, não há um racha. As lideranças do elenco dividem a responsabilidade entre si e “blindam” Diniz. Dos que jogam frequentemente, a maioria entende que poderia render mais, mesmo com problemas a resolver. Claro, há casos de atletas que não estão conseguindo repetir o mesmo desempenho de 2023. Mas também há situações como a de Germán Cano, que tem atuado com dores no joelho em praticamente todos os jogos. Ou Felipe Melo, que jogou no sacrifício recentemente.
A comemoração do gol de Ganso diante do Atlético-GO, onde os jogadores correram para abraçar Fernando Diniz, foi uma demonstração de apoio.
Mas até quando o caldo segue sem entornar?
Mário Bittencourt é conhecido por ser um presidente que não gosta de demitir treinadores. Já deu entrevistas afirmando que manteria Diniz no cargo em 2019 — ele acabou caindo por pressão do então vice-presidente Celso Barros. Segue acreditando na volta por cima. A renovação contratual foi um enorme voto de confiança dado ao trabalho. O apoio do elenco também ajudou a segurá-lo.
Mas até quando isso dura? Fontes ouvidas pela reportagem divergem entre si. Há quem diga que o assunto sequer foi discutido; também que é difícil prever um cenário em caso de novas derrotas para Cruzeiro e Flamengo, por exemplo. Ou que Diniz dificilmente cairá antes das oitavas de final da Conmebol Libertadores. O certo é que o tema será debatido jogo a jogo.
Internamente, a arrancada de Juan Pablo Vojvoda com o Fortaleza, em 2022, quando chegou a ser lanterna do Campeonato Brasileiro no primeiro turno e arrancou até a vaga na Conmebol Libertadores no segundo é muito citado para motivar o elenco. Acredita-se, porém, que não será necessário repetir este cenário.
Após a derrota para o Atlético-GO, no último sábado, Diniz viajou para São Paulo para ficar perto da família. Nesta segunda-feira, conversou com o elenco no CT Carlos Castilho. O jogo contra o Cruzeiro, nesta quarta-feira, no Mineirão, virou uma panela de pressão. (GE)