Nem bem terminou 2024 e o debate visando a eleição presidencial de 2026 já foi desencadeado. Se o presidente Lula vai à reeleição está na mesa. Até poucas semanas atrás ele havia confidenciado a amigos próximos a possibilidade de não disputar. Semana passada estas nuvens se dissiparam e outras pairaram no ar: o petista voltou às bolsas de apostas. Agora, nesta semana, as dúvidas recaem sobre o destino do vice-presidente Geraldo Alckmin. A coluna apurou que, diante da possibilidade de não continuar vice no próximo pleito, o socialista cogita até se candidatar ao governo paulista.
Há um movimento pró-Alckmin se Lula deixar o páreo
O vice-presidente é um querido dentro e fora do governo. Existe um “fã clube” dele que torce para que Geraldo Alckmin seja candidato a presidente e seja eleito. “O Alckmin merece ser presidente do Brasil. Por tudo que ele representa, pelo excelente trabalho como ministro e pela lealdade da Lula, merece e eu vou apoiá-lo caso nosso presidente não vá à reeleição”, confidenciou à coluna um senador petista.
Lula precisaria de um vice mais à direita para ser reeleger?
O que o PSB, partido de Alckmin, teme é que nas articulações para as próximas eleições o PT e a “cozinha do Lula” vem analisando que precisará de um vice mais à direita para tentar a reeleições. Tudo faria parte, desde já, de uma nova composição do governo para se equilibrar no atual cenário nacional e internacional, especialmente com a eleição de Donald Trump nos Estado Unidos. Já se percebe essa movimentação dentro e fora do governo e fala-se abertamente em ter um vice do MDB ou do PSD.
Cortes de gastos, Venezuela e pauta trabalhista seriam as inflexões
A coluna conversou com o mesmo senador petista sobre as inflexões à direita que o governo Lula vem fazendo e ele apontou a “proposta de corte de gastos, para agradar o mercado”, a “posição contra o governo da Venezuela, para agradar os Estados Unidos”, e a “pauta trabalhista ‘retrógrada’ para agradar o capital” como as sinalizações de que há um desvio para a direita. Vale lembrar que, na avaliação dentro do próprio PT, o governo de coalisão de Lula tem viés centro-direita.
Pelo visto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não estava fazendo jogo de cena ao declarar que não será candidato a presidente em 2026. Ele declarou seu apoio ao colega goiano Ronaldo Caiado (União) caso o ex-presidente Jari Bolsonaro não consiga tornar-se elegível para as próximas eleições. Ainda que falando para um grupo restrito de correligionários, Tarcísio acalenta a ideia de que chegará forte no páreo em 2030 caso eleja outro nome em 2026 e este nome é Caiado. Falando à boca pequena, para não contrariar Bolsonaro, que, aliás, está rompido com Caiado desde que apoiaram nomes diferentes para a prefeitura de Goiânia, Tarcísio, ao que tudo indica vai apoiar o goiano. E nem cogita deixar o Republicanos e se filiar ao PL, como queria Bolsonaro.
Sarney que MDB no centro apoiando Lula em 2026 e refuta a extrema-direita
Se depender do ex-presidente José Sarney, o MDB vai continuar apoiando o presidente Lula e refutará a possibilidade de caminhar para a extrema-direita, como quer o prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes, que foi apoiado por Bolsonaro e Tarcísio. O MDB, que tem três ministros no governo (Simone Tebet – Planejamento, Jader Filho – Cidades e Renan Filho – Transportes), na avaliação de Sarney, está mais forte que nunca ao lado de Lula.
“E ele está fazendo um bom governo, não tá? Tá. Como sempre fez em outros mandatos. O Lula tem uma grande presença, veio da classe trabalhadora e representa a visão da população. Ele foi o homem que estendeu a participação de todas as classes no governo. Se não fosse a democracia, o Lula não seria candidato a presidente”.
Disse José Sarney.
Camilo Santana começa a ser cogitado como presidenciável
Enquanto isso, ali para as bandas do MEC: a vitória do PT na eleição para a Prefeitura de Fortaleza, a única conquistada em capitais nesta temporada, impulsionou a trajetória política do ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana, que começou a ser citado nos bastidores políticos como um dos potenciais sucessores do presidente Lula para 2026, caso o atual mandatário não concorra. Com uma gestão voltada a ampliar programas educacionais, Santana ganhou destaque no governo Lula, principalmente pelo lançamento e expansão do programa “Pé-de-meia”, uma bolsa mensal destinada a estudantes do ensino médio de escolas públicas e famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
“Eu aprendi que a gente tem que ter muito cuidado quando a gente vai tratar de outros países e de outros presidentes. Eu acho que o Maduro é um problema da Venezuela, não é um problema do Brasil”.
Presidente Lula.
“Eu quero que a Venezuela viva bem, que eles cuidem do povo com dignidade. Eu vou cuidar do Brasil, o Maduro cuida dele, o povo venezuelano cuida do Maduro, e eu cuido do Brasil. E vamos seguir em frente. Porque também não posso ficar me preocupando. Ora brigar com a Nicarágua, ora brigar com a Venezuela, ora brigar com não sei com quem. Tenho é que tentar brigar para fazer esse país dar certo”.
Idem.
“Podemos razoavelmente assumir que, não tendo conseguido [no primeiro mandato] abandonar a OTAN, Trump vai ignorar a aliança, que já não é sua prioridade. Ele não dará a esta organização quaisquer garantias nem apoio. Trump não é um militarista em seu coração, e a expansão do império também não será sua prioridade”.
General aposentado norte-americano Dominique Delavard, que também é especialista em política externa e de defesa.