*Por Laerte Basso

Muitas mulheres começam a perceber mudanças significativas no corpo e no bem-estar emocional a partir dos 40 anos, mas nem sempre associam esses sintomas à redução hormonal. Essa queda pode trazer impactos importantes na saúde física e mental, influenciando desde a energia e o metabolismo até o humor e a qualidade do sono.

A partir dos 35-40 anos, a produção hormonal começa a oscilar, iniciando a perimenopausa, fase que antecede a menopausa e pode durar até uma década. Essas flutuações hormonais costumam causar irregularidades menstruais, ondas de calor, suor noturno, insônia, alterações de humor, ansiedade, irritabilidade e, em alguns casos, até sintomas depressivos. Além disso, a diminuição do estrogênio pode levar ao ressecamento vaginal, impactando diretamente a libido e a qualidade da vida sexual.

Outra queixa comum dessa fase é a dificuldade em perder peso, já que a redução hormonal desacelera o metabolismo e favorece o acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal.

Além das mudanças visíveis, a queda hormonal também afeta aspectos menos perceptíveis, mas igualmente importantes para a saúde. A redução do estrogênio compromete a densidade óssea, aumentando o risco de osteoporose e fraturas, além de reduzir a proteção natural contra doenças cardiovasculares. Muitas mulheres também relatam dificuldades cognitivas, como lapsos de memória, falta de concentração e a sensação de “nevoeiro mental”, que pode impactar a rotina diária e a produtividade.

Embora a transição hormonal seja um processo natural, existem diversas formas de minimizar seus impactos e manter a qualidade de vida. A terapia de reposição hormonal pode ser uma opção eficaz para aliviar sintomas intensos, mas deve ser avaliada individualmente, considerando os benefícios e riscos para cada paciente. Além disso, hábitos saudáveis fazem toda a diferença nesse período.

Uma alimentação equilibrada, rica em fibras, antioxidantes, cálcio e proteínas magras, ajuda a fortalecer os ossos, manter o peso sob controle e melhorar o metabolismo. A prática regular de exercícios físicos, especialmente musculação e atividades aeróbicas, contribui para a preservação da massa muscular, a saúde cardiovascular e a produção de endorfinas, auxiliando no bem-estar emocional.

Manter uma rotina de sono adequada, controlar o stress e investir em momentos de lazer também são essenciais para passar por essa fase de maneira mais leve. Técnicas como meditação, yoga e acompanhamento psicológico podem ser grandes aliados para lidar com as oscilações emocionais. Além disso, consultas ginecológicas regulares são indispensáveis para monitorar a saúde hormonal e prevenir doenças associadas ao envelhecimento.

A redução hormonal após os 40 anos não precisa ser sinônimo de sofrimento. Com acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida, é possível atravessar essa fase com saúde, disposição e bem-estar. Se você tem sentido essas mudanças no seu corpo ou no seu humor, não hesite em procurar um especialista para avaliar o melhor caminho para você. Cuidar da sua saúde hoje é a chave para um futuro mais equilibrado e saudável.

*Dr. Laerte Basso é ginecologista e obstetra, membro da Sociedade Brasileira de Endometriose e da Sociedade Européia de Endometriose e Doenças do Útero, e integra a equipe multidisciplinar do Instituto Eladium, em Cuiabá (MT)

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