A Câmara Municipal de Cuiabá pagou salários a 31 vereadores no mês de maio, mesmo contando oficialmente com apenas 27 cadeiras. A folha inflada se deve a afastamentos de parlamentares suspeitos de corrupção, nomeações e substituições temporárias, algumas com duração de apenas um dia, mas que impactaram diretamente a folha de pagamento do Legislativo cuiabano.
Entre os casos que explicam o aumento estão os afastamentos dos vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), por determinação judicial. Ambos foram alvos da Operação Perfídia que investiga o pagamento de propina na execução da obra da Avenida Contorno Leste e estão impedidos de exercer as funções parlamentares. Ainda assim, a juíza Fernanda Mayumi Kobayashi, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), determinou que a Câmara mantivesse o pagamento regular dos salários.
Na folha do mês 5, os dois parlamentares afastados receberam R$ 26.080,98 cada. Enquanto isso, os suplentes que assumiram os cargos – Gustavo Padilha (PSB) e Rafael Yonekubo (PL) – também foram remunerados. Gustavo recebeu R$ 18.778,31 e Yonekubo, R$ 13.909,86.
O imbróglio se estendeu ainda mais: antes da posse definitiva de Yonekubo, o primeiro suplente da coligação, Fellipe Corrêa (PL), atual secretário municipal de Agricultura e Trabalho, precisou ser nomeado vereador para que a cadeira pudesse ser formalmente ocupada. Ele ficou apenas um dia no cargo e foi exonerado em seguida, mas recebeu R$ 869,37 dos cofres públicos por esse período.
Outro caso que ajudou a inflar a folha foi o do vereador Fred Gahyva (Republicanos), que entrou emporariamente no lugar de Maysa Alencar (Republicanos) e Daniel Monteiro. Gahyva aparece na folha com dois lançamentos: um de R$ 17.908,94 e outro de R$ 14.634,34, com valores proporcionais ao tempo de exercício e exoneração.
A folha completa de maio da Câmara, conforme dados obtidos, somou salários e vantagens a 31 vereadores. Em valores brutos, os vencimentos variaram de R$ 869,37 (caso de Fellipe Corrêa) a R$ 38.339,04 (valor-base dos vereadores em exercício integral).
A justificativa legal para os pagamentos extras se baseia no cumprimento das determinações judiciais e na obrigatoriedade de remuneração proporcional dos parlamentares que assumem temporariamente.
(Olhar Direto)