Marcos Evangelista de Morais conquistou praticamente tudo o que o futebol pode proporcionar a um atleta. Aos 54 anos, o capitão da seleção pentacampeã do mundo e que fez fama com o apelido de Cafu agora quer ajudar a mudar a imagem do futebol brasileiro, que, segundo ele, foi descontruída desde o título conquistado em 2002.

– O primeiro momento é fazer com que o Brasil volte a ser respeitado nas Confederações, na Fifa e mundialmente. Acho que esse é o principal de tudo, porque matéria-prima nós temos, jogador nós temos, talento nós temos. O que nós precisamos é dar tranquilidade para esses talentos, para que eles possam desenvolver o que eles sabem fazer, jogar futebol.

– Depois de tudo que acabou acontecendo, a falta de transparência, anunciar um treinador que nós sabíamos que não viria para a seleção brasileira, a demora de anunciar um treinador depois que o Tite já tinha se desligado, acho que essa falta de informação, essa falta de comunicação e algumas comunicações que acabaram não acontecendo, geraram um desgaste na CBF – disse Cafu.

Cafu foi o capitão do último título de Copa do Mundo conquistado pelo Brasil  — Foto: Marcos Ribolli

Cafu foi o capitão do último título de Copa do Mundo conquistado pelo Brasil — Foto: Marcos Ribolli

Para ele, a dependência pelo futebol de Neymar nos últimos anos foi o grande motivo para a seca de conquistas. Mesmo assim, confia que ele e a próxima geração podem voltar a colocar o país no ponto mais alto do futebol mundial. Por isso, é contrário à chegada de um técnico estrangeiro.

– Eu sigo o raciocínio de que precisa ser um treinador brasileiro. Nada contra os treinadores estrangeiros, pelo amor de Deus. Mas eu acho que o Brasil merece ganhar uma outra Copa do Mundo novamente com um treinador brasileiro. Nós sempre tivemos referências com treinadores brasileiros.

– Nós ficamos durante quase 14 anos dependentes de um único jogador, do Neymar. Nosso maior jogador, nosso maior ídolo, o jogador que nós sabemos que a qualquer momento poderia resolver o nosso problema. Me fala, qual que é o ídolo nacional hoje, depois do Neymar, no absoluto, mundial? Depois do Neymar nós não tivemos um ídolo.

– O Neymar foi o nosso último ídolo. E durante 14 anos nós ficamos dependentes do que o Neymar fazia. E a gente sabe que se você ficar dependente de um único jogador, você não vai ganhar uma Copa do Mundo. É impossível. Você não ganha a Copa do Mundo dependendo de um único jogador – disse Cafu.

Para isso, acredita que a candidatura de Ronaldo Fenômeno para a presidência da CBF pode ser o início de uma participação maior dos jogadores na recuperação do prestígio e do respeito para com a escola mais vitoriosa do esporte mais popular do mundo.

– É um candidato, não sabemos se o Ronaldo vai ganhar ou não. Mas só o fato dele se candidatar já demonstra que alguma coisa eles querem mudar. E nós esperamos que mude alguma coisa, porque sempre que você muda a diretoria, sempre que você muda o treinador, sempre que você muda o jogador, você tem aquela perspectiva de que algo vai mudar. Para melhor, a gente espera. Mas toda mudança requer um pouco de tempo, um pouco de paciência. O Ronaldo é um cara visionário, é um cara inteligente.

– Ele já vem aí de uma experiência, de uma SAF que ele montou no Cruzeiro que acabou dando certo. A SAF deu certo. A partir daí, as SAF’s começaram a se aperfeiçoar mais no futebol brasileiro. E a gente espera que, se der certo a candidatura do Ronaldo, se der certo que o Ronaldo possa vir a ser o presidente da CBF, possa abrir espaço para outros jogadores criarem uma comissão, que possa realmente fazer algo de bom para o futebol.

– Porque nós não queremos o mal do futebol. Ele não vai entrar lá para querer prejudicar o futebol brasileiro ou para querer prejudicar as pessoas. Ele vai entrar lá para querer promover mudanças, mudanças que a gente acha que são viáveis para o futebol brasileiro – disse Cafu, que atualmente dá palestras e participa de eventos corporativos.

Ficha Técnica

  • Nome completo: Marcos Evangelista de Morais (Cafu)
  • Nascimento: 7 de junho de 1970 (54 anos)
  • Carreira: São Paulo, Zaragoza, Juventude, PalmeirasRomaMilan e Seleção Brasileira.
  • Principais títulos: Copa do Mundo (1994 e 2002); Copa América (1997 e 1999); Copa das Confederações (1997); Libertadores (1992 e 1993); Mundial de Clubes (1992, 1993 e 2007); Recopa Sul-Americana (1993 e 1994); Campeonato Paulista (1991, 1992 e 1996); Campeonato Brasileiro (1991); Champions League (2006-07); Supercopa da Uefa (2003 e 2007); Campeonato Italiano (2000-01 e 2003-04) e Supercopa da Itália (2004).

(GE)