Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) garantiu não conhecer o caminhoneiro mato-grossense Lucas Rotilli Durlo, conhecido como “Lucão”, acusado de liderar acampamentos durante atos golpistas após o resultado das eleições de 2022. Em janeiro de 2023, a sede dos Três Poderes foi invadida e depredada por apoiadores do ex-presidente. Rodovias foram fechadas e pessoas ameaçadas por manifestantes.
Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes se já teve algum tipo de contato com Lucão, Bolsonaro respondeu: “Não lembro desse nome, pode até aparecer uma fotografia minha e dele por aí. Mas não tenho a menor ideia de quem seja essa pessoa”, disse.
Moraes também perguntou se o general Mario Fernandes, então número dois da Secretaria-Geral da Presidência, teria pedido uma intervenção do ex-presidente em favor de Lucas, que participava dos acampamentos.
Bolsonaro minimizou a relação com o militar. “Meu contato com Mario Fernandes foi muito pouco. Ele estava subordinado ao ministro Mário Ramos e foi algumas vezes ao Alvorada. Não quer dizer que, por ir ao Alvorada, conversava comigo. Ali virou algo anormal. Nada de grande”, respondeu.
Lucas Rotilli Durlo é apontado pela Polícia Federal como uma das lideranças dos acampamentos em frente a quartéis, durante atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas por manifestantes contrários à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o inquérito, Lucão também atuou em municípios de Mato Grosso como Diamantino, São José do Rio Claro e Alto Garça, e participou da articulação de trama da golpista.
Mensagens extraídas do celular do general Mario Fernandes indicam que Lucão trocava orientações diretas com ele sobre como agir durante os protestos.
Lucão também teria enviado mensagens ao general após decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a apreensão de caminhões nos acampamentos, pedindo ajuda para não perder os veículos. “Aí, vê pra mim aí o que o senhor consegue levantar, aí se eles têm esse poder de autoridade de poder entrar dentro do Quartel General aqui pra mexer com os caminhões. Tá bom?”, cita.
(GD)