Uma equipe de cientistas da Universidade do Cairo, no Egito, e da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, revelou a descoberta de duas cavidades ocultas preenchidas com ar na Pirâmide de Miquerinos, a terceira maior do complexo de Gizé. As anomalias foram detectadas durante as atividades do projeto internacional ScanPyramids, segundo indica comunicado compartilhado nesta sexta-feira (7).
As investigações se concentraram na face leste da pirâmide, uma área que já despertava a curiosidade dos especialistas. Há anos, os pesquisadores notam que os blocos de granito naquela região — com mais de 60 metros de altura — apresentam um acabamento anormalmente polido em um trecho de cerca de quatro metros de altura por seis de largura. Esse detalhe é encontrado apenas em um outro ponto da estrutura: a entrada principal localizada no lado norte.
Tal semelhança levou o pesquisador Stijn van den Hoven a propor, ainda em 2019, a hipótese de que poderia existir uma entrada adicional no lado leste. Agora, novas medições com georadar, ultrassom e tomografia de resistividade elétrica (ERT) fortalecem essa suspeita, a qual é detalhada artigo publicado na edição de outubro da revista NDT & E International.
Mistérios milenares
De acordo com a equipe responsável, os dados revelam duas cavidades preenchidas com ar a 1,4 metros e 1,13 metros de profundidade atrás da fachada externa. As dimensões das anomalias variam entre 1 metro de altura por 1,5 metro de largura e 0,9 metro por 0,7 metro.
Para chegar a esses resultados, a equipe utilizou uma técnica chamada “fusão de imagens”. Basicamente, ela permitiu combinar todos os dados de medição para obter uma visualização mais precisa do interior da estrutura.
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Não é a primeira vez que o ScanPyramids consegue descobrir os segredos escondidos no interior das pirâmides egípcias. Em 2023, o projeto já havia validado a presença de um corredor oculto na Pirâmide de Quéops.
Christian Grosse, professor de testes não destrutivos da TUM, destaca que a metodologia empregada nos experimentos possibilita “tirar conclusões muito precisas sobre a natureza do interior da pirâmide sem danificar a valiosa estrutura”. “A hipótese de outra entrada é muito plausível, e os resultados atuais nos aproximam bastante de sua confirmação”, avalia.
(Por Arthur Almeida)

