Coral Cladocora caespitosa em Columbretes — Foto: Divulgação/Diego Kersting/CSIC

“O Mare Nostrum está se tornando um mar de plástico, mesmo nos ecossistemas mais protegidos”, alerta um comunicado feito pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) do governo da Espanha. A frase faz alusão a um recente estudo que identificou uma concentração excepcionalmente alta de microplástico e microborracha em corais de ilhas espanholas.

A espécie em questão chama-se Cladocora caespitosa e é o único coral do Mar Mediterrâneo capaz de formar recifes. Foram identificadas 6 mil partículas por quilo de sedimento entre as estruturas que formam os corais, um número muito superior aos obtidos em outras partes do Mediterrâneo.

Os cientistas analisaram cinco amostras colhidas nas Ilhas Columbretes, reserva marinha a 60 quilômetros da costa de Castellón, na Comunidade Valenciana. A pesquisa foi realizada pelo CSIC em conjunto com a Universidade de Kiel e o instituto Helmholtz-Zentrum Hereon, ambos da Alemanha. Um artigo com os resultados foi publicado na revista Marine Pollution Bulletin.

“Encontramos microplásticos em todas as amostras, mas as maiores concentrações estavam dentro das estruturas dos corais”, revela Diego Kersting, pesquisador do CSIC. As taxas variaram de 41 partículas de microplástico e microborracha por quilo de sedimento seco nos pontos mais distantes dos corais a 6.345 partículas nas amostras obtidas dentro deles.

Essa disparidade é explicada pelos cientistas envolvidos, que apontam o chamado “efeito armadilha”. A forma característica dos recifes de coral acaba acumulando as partículas, prendendo-as em sua estrutura. O formato em C de uma das ilhas é outro fator que facilita a concentração de poluentes – que chegam até lá através de correntes marítimas.

“Este é um bom exemplo da globalização da poluição plástica, do fato de que o lixo acaba em todos os lugares”, resume Kersting.

(Por Redação Galileu)