Comerciantes, empresários, guias de turismo e condutores de Chapada dos Guimarães (65 km de Cuiabá) fizeram um manifesto para chamar a atenção do Governo do Estado para os prejuízos que estão enfrentando desde o início das obras de contenção do paredão de pedras que fica no trecho do Portão do Inferno, na estrada da Chapada (MT-251).

O fechamento diário da rodovia na parte da manhã tem impedido o fluxo de turistas para a cidade. Além de atrapalhar o tráfego de moradores que precisam se dirigir para Cuiabá e o transporte de alimentos, roupas e outros produtos que abastecem mercados, restaurantes, pousadas e a população em geral, já que o tráfego de veículos de carga é proibido na MT-251. Para chegar à cidade, eles precisam rodar cerca de 200 km passando pelo município de Campo Verde, o que aumenta o valor do frete e, consequentemente, dos produtos para comerciantes e consumidores finais.

Na última esta sexta-feira (29), eles cobraram do Governo a abertura definitiva da rodovia.

“Há vários anos, acontecem pequenas penetrações de terra neste trecho do Portão do Inferno; isso é normal. O que precisa ser feito é uma manutenção preventiva e periódica para que grandes desmoronamentos não aconteçam. Fechar a rodovia não é a solução. Pelo contrário, é um erro que traz enormes prejuízos a toda comunidade chapadense, principalmente para os setores do comércio e do turismo local”, disse um empresário.

Sonia Bezerra, empresária do ramo do turismo, aponta descaso, segundo ela, por parte das autoridades.

“A situação é muito grave. As autoridades não estão, sequer, dando o mínimo para o que está acontecendo. A Chapada não perdeu 80% do seu movimento, mas 100%. As pousadas estão todas vazias, os restaurantes todos vazios. Precisamos de uma ação. emergencial. […] Estamos ilhados, fechados dentro da Chapada, sem poder receber o bem mais precioso para nossa economia: o turista”, alega.

Sonia cobra a execução de um Fundo de Apoio ao Pequeno Empreendedor das Zonas Urbanas e Rurais, que teria sido sugerido pelos poderes Executivo e Legislativo, com a participação do Desenvolve MT, para ajudar os pequenos empreendedores locais. A prefeitura de Chapada seria avalista dos financiamentos.

“Os empresários que não estão com a corda no pescoço, ela já ultrapassou. Existem empresas aqui que já demitiram mais de 50% do seu quadro de funcionários e vão ter mais demissões nesta próxima semana. […] Nem na pandemia (da “Covid) sofremos tanto quanto estamos sofrendo hoje. Então, pedimos uma saída emergencial para o governo do estado e para os deputados para que eles se sensibilizassem com esta situação”, clamou Sônia.

A Associação de Guias e Condutores de Chapada dos Guimarães elaborou um abaixo-assinado que será protocolado junto ao Governo do Estado e à Assembleia Legislativa solicitando providências. Entre elas, a criação de uma comissão, conselho ou grupo de gestão com representantes da sociedade civil para transparência e constância nos serviços prestados; flexibilização no protocolo quanto ao tráfego de veículos de carga pela rodovia, com a instalação de balanças; e a criação de um projeto de desenvolvimento do turismo para uma região.

Vale ressaltar que na próxima quinta-feira (7), a Assembleia Legislativa realizará uma segunda audiência pública para debater a situação da MT-251, trecho do Portão do Inferno. Desta vez, na Câmara Municipal da cidade, às 19h. A audiência foi solicitada pelo deputado estadual Wilson Santos.

“Irei participar deste debate representantes da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), de outras secretarias de Estado, além da Assembleia Legislativa, Queremos saber do Governo em que ponto estão as obras no Portão do Inferno, quais as alternativas apresentadas para os moradores e turistas, ouvir a sociedade e, certamente, debater a implementação do Fundo de Apoio ao Pequeno Empreendedor das Zonas Urbana e Rural. Vamos cobrar soluções a curto, médio e longo prazo do Governo para mitigar todos os problemas enfrentados pelos moradores, comerciantes e empresários da Chapada dos Guimarães”, explicou o deputado que não comparou ao evento por conta de outros compromissos agendados anteriormente.

(Robson Fraga)