Uma classe diferenciada de pessoas na sociedade celta, documentada pela primeira vez em escritos do século III a.C., os druidas eram filósofos, professores, conselheiros e mágicos. Apesar de sua tradição de sabedoria e destaque social, esses homens iluminados não deixaram uma história escrita, sendo geralmente descritos por pessoas não druidas, como os romanos, que tenham motivos de sobra para denegri-los.
Um dos primeiros historiadores a descrever os druidas foi o próprio líder romano Júlio César que invadiu a Gália (hoje França) durante o primeiro século antes de Cristo. Em sua obra denominada Comentários sobre a Guerra das Gálias, ele diz que os druidas “estão envolvidos em coisas sagradas, conduzem sacrifícios públicos e privados, e interpretam todos os assuntos religiosos”.
Outro historiador romano, Cornélio Tácito, escreveu por volta do ano 116 d.C. que os druidas constituíam um povo violento, que tinha o costume de cobrir seus altares com o sangue dos prisioneiros que capturavam, além de realizar consultas aos seus deuses usando entranhas humanas.
Mas quem eram realmente os druidas?
Embora possivelmente derivada da palavra irlandesa-gaélica doire (carvalho), “druida” também significava “sábio da floresta” ou “vidente forte”. Segundo César, os druidas memorizavam suas crenças e as transmitiam oralmente, formando pessoas encarregadas de ensinar e orientar a sociedade na qual viviam.
“[Eles] determinam respeitar quase todas as controvérsias, públicas e privadas; e se tiver sido cometido qualquer crime, se tiver sido cometido homicídio, se houver qualquer disputa sobre uma herança, se houver sobre limites, essas mesmas pessoas decidem; eles decretam recompensas e punições”, explica o conquistador romano.
Reunindo-se periodicamente em bosques sagrados, os druidas eram supervisionados por uma autoridade — o Arquidruida — que vestia uma roupa dourada. Seguindo a hierarquia, vinham os oficiais de alto nível, que usavam branco; os guerreiros, que usavam vermelho; artistas de azul, e os noviços, que vestiam preto ou marrom.
Os druidas realizavam sacrifícios humanos?
Júlio César destacou grande parte de suas Guerras Gálicas para descrever atrocidades supostamente cometidas pelos druidas, que seriam os executores de sacrifícios humanos, normalmente de criminosos, mas também de inocentes, na falta daqueles. Tais execuções, diz o futuro ditador romano, eram realizadas de forma bárbara e cruel.
Um artefato que ficou especialmente ligado à tradição druida foi o chamado “Wicker Man”, uma enorme figura humanoide feita de vime, que era preenchida com uma ou mais vítimas vivas, e posteriormente incendiada. “Homens perecem envolvidos nas chamas”, escreveu César.
Seja como for, esses relatos devem ser vistos com ressalvas, visto que, como líderes espirituais com grande influência sobre os povos que os romanos estavam conquistando, os druidas eram as principais figuras a serem erradicadas na Gália e nas Ilhas Britânicas. Ressuscitado na era moderna, o Druidismo continua atraindo adeptos pelo mundo.