Os donos do DEM de Mato Grosso, Jayme e Júlio Campos, receberam com apreensão o convite que o presidente Jair Bolsonaro fez pessoalmente ao governador Mauro Mendes para se filiar ao partido Aliança pelo Brasil. A preocupação dos últimos representantes da dinastia Campos é compreensível. Sem Mendes em seus quadros, o Democratas retorna a condição ao que foi de 1995 até 03 de outubro de 2018: um partido coadjuvante.
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A família Bolsonaro corre contra o relógio para conseguir o registro do partido a tempo de participar das eleições municipais de 2020. Se esse desafio for superado, o Aliança pelo Brasil deve se consolidar como a força política mais representativas do país.
Em Mato Grosso, uma avalanche de prefeitos, vereadores, lideranças populares, dirigentes de entidades de classe, além de empresários do campo e da cidade, deve engrossar as fileiras do partido exponenciado pelo presidente Bolsonaro.
Mauro Mendes pode catalisar essa força e potencializá-la para garantir tanto a sua reeleição quanto a do capitão ou do mito, nos dizeres dos bolsonaristas. É pegar ou largar.
A força orgânica, o poder de mobilização, a interatividade nas redes sociais e o peso do nome Bolsonaro permitem antever que o partido do Capitão deve conquistar a maioria das prefeituras do estado.
Mauro e Bolsonaro podem celebrar uma Aliança pelo Brasil e por MT. Esse é o medo dos irmãos Campos, por isso eles insistem e até fazem certa ‘chantagem’ para que Mendes permaneça no DEM.
Na hipótese de Mauro Mendes aceitar o convite de Bolsonaro e migrar para o Aliança, no DEM restarão apenas o senador Jayme Campos e sua esposa Lucimar, a prefeita de Várzea Grande, além do deputado estadual Dilmar Dal’Bosco e alguns vereadores e prefeitos de pequenos municípios.
A grande expressão eleitoral do partido na baixada cuiabana, o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, talvez nem conclua seu mandato de deputado estadual. Sua cadeira no Tribunal de Contas (TCE) já está reservada e identificada com seu nome. Isso explica o desejo dos Campos em manter a qualquer custo Mauro Mendes no DEM.
Só tem um detalhe: Se permanecer no partido de Jayme e Júlio, o governador deixa em aberto o espaço para um bolsonarista, filiado ao Aliança pelo Brasil, disputar com o apoio de Bolsonaro a prefeitura de Cuiabá e o governo do estado, em 2020. Vale a pena correr esse risco?
Mauro Mendes pode avençar com Bolsonaro uma aliança por Mato Grosso e garantir a conclusão da BR-174. Essa rodovia é de vital importância para o estado e de importância ainda maior para os oito municípios que integram a microrregião de Aripuanã.
A BR-174 é a porta de acesso dos produtos de Mato Grosso a Rondônia, ao Amazonas e ao Porto de Ilo, no Peru.
Essa rodovia federal representa a redenção de Castanheira, Brasnorte, Juína, Juruena, Rondolândia, Cotriguaçu, Aripuanã e Colniza, que sofre com o isolamento devido à falta de estradas, mesmo estando a menos de 150 KM de Machadinho, no vizinho estado de Rondônia.
O Governo de Mato Grosso não tem caixa para resolver os gargalos de logística e de infraestrutura. A parceria com o governo federal é imprescindível.
O governo Júlio Campos foi exitoso porque teve o apoio do ministro Mário Andreazza.
Dante de Oliveira não teria feito o que fez sem a ajuda do “trator de FHC”, o saudoso ministro Sérgio Motta.
O governador não pode perder o bonde da história. Aliança pelo Brasil pode ser rebatizada de Aliança por Mato Grosso, com Mauro Mendes no comando estadual e respeitado em Brasília. É pegar ou largar. Fica minha sugestão.
*EDÉSIO DO CARMO ADORNO é advogado em Mato Grosso.
E-MAIL: edesioadorno@gmail.com