Yasmin Silva/MidiaNews

Enfermeiros, médicos, professores e policiais são mais suscetíveis à síndrome de burnout devido à intensa carga de estresse a que são submetidos, revelou a psicóloga Carolina Gomes, que atua no setor de medicina preventiva da Unimed Cuiabá.

O burnout é uma síndrome causada pelo estresse crônico e prolongado no trabalho, levando a uma exaustão extrema que incapacita a pessoa de desempenhar atividades corriqueiras. Entre os principais sintomas estão insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, apatia, dores de cabeça frequentes e problemas gastrointestinais.

“Algumas pesquisas relacionadas à síndrome de burnout falam que, por exemplo, os profissionais de saúde – enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem -, os professores e os policiais costumam ter esse diagnóstico. É uma realidade mais próxima dessas profissões, mas isso não significa que outras não possam ter o diagnóstico. Profissões com muito estresse, muita cobrança, muitas responsabilidades e um contexto de trabalho muito estressante costumam ser as que mais aparecem no consultório”, explicou em entrevista ao MidiaNews.

Segundo Gomes, no ano passado, o Ministério da Previdência Social afastou quase 500 mil pessoas por questões de saúde mental. Conforme ela, as mulheres são as mais afetadas.

um número alarmante, que tem chamado muita atenção tanto dos profissionais quanto do governo, e percebemos que no consultório chegam cada vez mais pessoas exaustas física e mentalmente”, disse.

A psicóloga falou também sobre os pilares do tratamento em meio à cultura da produtividade e aos memes da internet.

Confira os principais trechos da entrevista: 

MidiaNews – O que é de fato o burnout?

 

Carolina Gomes – O burnout hoje é considerado uma síndrome que inicialmente teve uma relação muito próxima com questões de trabalho. Hoje a gente sabe que ele vem de uma exaustão muito grande com relação ao trabalho e, com o tempo, percebemos que está em outras áreas da vida. Vem se falando do burnout materno, por exemplo, que é esse excesso de atividades, de funções e responsabilidades que as pessoas assumem e que muitas vezes vai causando esse esgotamento físico e mental. Gera uma série de sintomas, como dificuldade de concentração, quando você já não consegue mais realizar as atividades produtivas de trabalho, da vida, da forma como se fazia antes. A pessoa vai adoecendo tanto fisicamente quanto mentalmente, porque hoje a gente já não consegue mais separar uma coisa da outra.

MidiaNews – Quais são os principais sintomas? O burnout pode chegar a um suicídio?

 

Carolina Gomes – Muitas pessoas desenvolvem problemas gastrointestinais, dificuldade de concentração, dificuldade de produtividade, aquele cansaço extremo, em que a pessoa dorme, mas não consegue se sentir descansada no dia seguinte. Então ela vai trabalhar e se sente extremamente cansada. Muitas pessoas costumam relatar também problemas de insônia: ou elas sentem muito sono, ou não conseguem dormir. Têm um cansaço físico e mental, mas não conseguem dormir. Esses são alguns sintomas.

Muitas pessoas vão levando isso, não dão a devida seriedade no começo e, então, a questão vai se agravando até o ponto em que muitas vezes elas precisam ser afastadas do trabalho ou mudar o ambiente para, de fato, tratar isso de forma adequada.

Sim, pode chegar [a um suicídio], porque muitas pessoas que tentam suicídio não conseguem encontrar alternativas para solucionar esse sofrimento, não conseguem avaliar possibilidades ou pedir ajuda. Quando você fala de uma exaustão mental tão forte, que se junta com esse impacto físico, às vezes elas acham que a única alternativa é o suicídio.

MidiaNews – Quais profissões ou ambientes de trabalho estão mais suscetíveis à síndrome?

 

Carolina Gomes – Algumas pesquisas relacionadas à síndrome de burnout falam que, por exemplo, os profissionais de saúde – enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem -, os professores e os policiais costumam ter esse diagnóstico. É uma realidade mais próxima dessas profissões, mas isso não significa que outras não possam ter o diagnóstico. Profissões com muito estresse, muita cobrança, muitas responsabilidades e um contexto de trabalho muito estressante costumam ser as que mais aparecem no consultório.

fonte: Mídia News

Por Redação