O primeiro-ministro cessante dos Países Baixos, Dick Schoof, anunciou nesta semana que o país devolverá ao Egito uma escultura furtada durante a Primavera Árabe, em 2011. O artefato de 3.500 anos retrata um funcionário importante do reinado de Tutmés III, faraó entre os anos de 1.479 à 1.425 a.C., esculpido em pedra. A previsão é de que a obra seja devolvida ao seu país de origem até o final deste ano.
“Os Países Baixos estão empenhados, tanto a nível nacional como internacional, em garantir a devolução do patrimônio [saqueado] aos seus proprietários originais”, afirmou Schoof à BBC News.
A cabeça de pedra foi recuperada em uma ação inusitada. Em 2022, a estátua havia sido colocada à venda na feira da Fundação Europeia de Belas Artes, na cidade holandesa de Maastricht. À época, as autoridades foram alertadas sobre a origem ilegal da escultura que voluntariamente foi entregue pelo negociante.
Timing não foi à toa
A notícia da devolução veio no último final de semana, durante a inauguração do Grande Museu Egípcio em Gizé, local onde serão exibidos os patrimônios arqueológicos egípcios. Proposto inicialmente em 1992, o museu teve a sua construção interrompida devido às ações da Primavera Árabe, ocorrida há mais de uma década.
A instalação contém 100 mil artefatos, incluindo todo o conteúdo intacto da tumba de Tutancâmon e a sua conhecida máscara de ouro. Todo o projeto da obra custou, aproximadamente, R$ 910 milhões.
A expectativa é de que o museu próprio da história arqueológica egípcia fortaleça as reivindicações para que importantes artefatos antigos sejam devolvidos às suas nações de origem. Com a devolutiva do busto de pedra, egiptólogos anseiam pelo retorno da Pedra de Roseta — considerada a chave para decifrar os hieróglifos — ao Egito.
(Por Júlia Sardinha)


