Ao anunciar a criação de um censo do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), o conselheiro-presidente Sérgio Ricardo disse que não é mais possível se basear apenas nos censos produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Isso porque, na opinião dele, deixam de demonstrar os abismos de desigualdade que vivem os municípios de Mato Grosso, o maior produtor de commodities do país e que ainda tem mais de 26% da população dependente de programas de auxílio, como o Bolsa Família.
“O TCE vai fazer um para ver a realidade de Mato Grosso. O IBGE é o Brasil inteiro. O censo do IBGE, embora ele seja muito profundo e competente, mas eu não tenho dúvida nenhuma que o nosso será muito mais e vai passar a ser anual. Nós vamos comparar as contas, a prestação de conta dos prefeitos com a realidade que nós sabemos”, defendeu o conselheiro.
O questionamento sobre a habilidade de demonstrar fielmente a realidade estadual através da sondagem realizada pelo IBGE se dá por não apresentar realidades muito próprias de Mato Grosso, na opinião de Ricardo.
“Não vamos mais ficar apenas acreditando nos censos do IBGE. O Tribunal vai fazer o quadro perfeito da situação do estado de Mato Grosso. O que podemos dizer hoje do estado? É um estado que tem 3,8 milhões de habitantes e tem um milhão de pessoas inscritas no Bolsa Família. Nós somos o estado campeão em produção de carne, soja, milho e algodão e somos um estado campeão em hanseníase e feminicídio. A hanseníase é uma doença que dá onde não tem saneamento básico”, destacou as mazelas o presidente da Corte de Contas estadual.
As 80 favelas contabilizadas entre as duas maiores cidades do Estado, Cuiabá e Várzea Grande, em comparação com a maior frota de jatinhos particulares do país, que está em Mato Grosso, também foram apontados pelo conselheiro como fator que demonstra as desigualdades, tentando não demonizar a riqueza, mas ponderando que é necessário resolver as deficiências, para o que defende políticas de Estado como solução.
“O enriquecimento é perfeito, é ótimo, merece nosso aplauso. Mas nós temos que pensar na grande maioria da população que não tem oportunidades… O censo do IBGE nos últimos dez anos mostra que 51 municípios de Mato Grosso perderam gente, perderam população, e tudo isso vai desencadeando situações. Vive aparecendo no Congresso, no Senado de maneira geral solicitações para acabar com municípios. O último projeto que entrou queria acabar com 35 municípios do Estado. Aí vem municípios com até 5 mil habitantes que não se sustenta. Se a gente for observar 5% dos municípios não se sustentam.
“Então, o que a gente tem que começar a discutir não é só o que vai acontecer com a reforma tributária, nós temos que discutir o que vai acontecer de Mato Grosso em ele tendo … temos que ter funções, modelos e obrigações de Estado, pra que cada governo cumpra algumas obrigações de Estado, não apenas de governo…. Política pra outras áreas, geração de emprego, industrialização”.
(Leiagora)