O Clube Esportivo Aldeia Brejão (Ceab), de Nioaque (MS), é um dos times em ascensão no futebol sul-mato-grossense. A equipe se filiou recentemente à Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) e traçou projetos ambiciosos para 2025 e temporadas seguintes.
O clube nasceu em 2002 dentro da Aldeia Brejão, que reúne cerca de 1.200 habitantes. É uma das comunidades da região, ao lado de Cabeceira, Água Branca e Taboquinhas, onde vivem povos Terenas, Atikum e Kinikinau. A consolidação como equipe estruturada veio em 2007, com o trabalho nas categorias de base.
O presidente, técnico e também jogador é Wesley Gois, de 31 anos, que atua como empresário na cidade. Ele explica que o time foi abraçado pela cidade de Nioaque e conta com apoio da prefeitura. Os treinos acontecem no Estádio Mauro Resstel ou em campo na própria comunidade.
Hoje, a equipe é organizada com Wesley Gois na presidência e a comissão técnica formada por seis pessoas.
O passo mais importante nesses pouco mais de 20 anos foi a filiação à FFMS, que permitiu ao Brejão disputar campeonatos de base. Neste ano, o clube vai jogar o Campeonato Sul-Mato-Grossense Sub-11, Sub-13 no masculino e também o Estadual feminino.
— Foi o que deu tempo de organizar porque o clube foi federado só depois de abril. Metade do nosso elenco é formada por atletas indígenas das aldeias da região e a outra metade por garotos da cidade – explicou Wesley.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2025/m/w/IEv6UKTDAL2a03BUWn0Q/ceab-na-final-do-campeonato-nacional-em-brasilia-df-.jpeg)
Brejão na final do Campeonato Nacional em Brasília (DF) — Foto: Divulgação
Título nacional
A grande virada na história recente foi a conquista do Campeonato Nacional de Futebol Indígena, com finais em Brasília (DF). O título rendeu premiação de R$ 60 mil, recurso que ajudou a estruturar o sonho de disputar competições oficiais.
A campanha começou com um torneio regional; depois, o time venceu o campeão de Mato Grosso, em Querência (MT), por 4 a 0, e garantiu vaga no pentagonal final na capital federal. No Estádio Bezerrão, em abril, derrotou na semifinal o representante do Sudeste e bateu o time da região Sul por 3 a 1 na grande final.
O elenco campeão teve: Amauri Junior, Robson, Junior, Coxe, Todão, Todinho, Rogério, Pedrinho, Rilton, Clauber, Eliude, Elder, Alex, Eduardo, Welisson, Ronaldo, Rhuan, Pequi, Ronie, Antonione e Toty.
A volta a Nioaque foi celebrada com carreata, fogos de artifício e festa na cidade e nas aldeias.
— A chegada foi emocionante: o pessoal da comunidade esperou a gente com carreata, caminhão, fogos, churrasco. Foi uma recepção que ninguém vai esquecer — relembra.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2025/T/D/eXcK39RcilcyxvHf6ZkQ/jogadores-do-ceab-chegando-em-nioaque.jpeg)
Jogadores do Brejão-MS chegando em Nioaque (MS) — Foto: Divulgação
Raízes e projetos
Wesley, que também é indígena, afirma que manter a identidade cultural é prioridade. As cores vermelho, branco e azul têm origem nas pinturas tradicionais usadas nas apresentações culturais da comunidade.
Ele também afirma que o time é muito reconhecido na comunidade e pelos moradores de Nioaque. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade tem cerca de 13 mil habitantes.
— A comunidade vê a gente como esperança e orgulho. Porque a gente saiu daqui, fez tudo com esforço próprio e conquistou um título nacional — conta Wesley.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2025/0/n/KIJBl9S4eNpleHkW9vTQ/time-se-apresentando-na-final.png)
Brejão-MS na final do Campeonato Nacional em Brasília (DF) — Foto: Divulgação
Para o futuro, a meta é disputar o Campeonato Sul-Mato-Grossense Sub-20 em 2026 e buscar vaga na Copa São Paulo de Futebol Júnior. O clube também sonha em participar da Série B do estadual em nível profissional.
Hoje, ainda não possui centro de treinamento, ônibus próprio ou estádio exclusivo, mas aposta na força comunitária e no trabalho coletivo para seguir crescendo.
— A gente quer ir mais longe, mas sem perder a raiz. Continuar jogando com alegria e representando todo mundo que acreditou no projeto — finaliza.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2025/2/w/MwZolcTiu9AGHY8GuqSQ/jogadores-indigenas-do-ceab.jpeg)
Jogadores do Brejão-MS no Estádio Bezerrão — Foto: Divulgação
(GE)


