Deve ter sido muito difícil ser primo de Isaac Newton. Ele criou as Leis do Movimento (três leis fundamentais que formam a base da mecânica clássica, que passaram a ser conhecidas com o seu nome), descreveu a atração gravitacional entre corpos com sua Lei da gravitação universal, fez várias contribuições ao cálculo e à óptica, inventou o primeiro telescópio com espelho para evitar aberração cromática… só a sua obra “Principia Mathematica” apresenta leis da física que explicam desde quedas de objetos até órbitas planetárias.
Aliás, você sabia que ele tinha por volta de 23 anos quando desenvolveu o cálculo diferencial e integral? Pois é, enquanto isso a gente tá dançando no TikTok…
Parte do motivo de Newton ser tão produtivo é que ele tinha uma rotina bem corrida. Em 1664, já formado, ele recebeu uma bolsa para concluir seu mestrado, mas, naquele mesmo ano, a Inglaterra foi atingida pela peste bubônica, o que fez com que a Trinity College, em Cambridge, ficasse fechada por dois anos consecutivos. Por essa razão, Newton teve que voltar para a casa de sua família na cidade de Woolsthorpe.
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Se você passou boa parte do lockdown da pandemia de covid-19 jogado no sofá, saiba que Newton aproveitou a pandemia dele para trabalhar muito. Durante esses dois anos, ele passou a maior parte dos seus dias estudando em um quarto com nada além de velas acesas, muitos livros e anotações ao redor. Ficava tão absorvido em seus trabalhos que chegava a esquecer as refeições.
Nesse período, Newton costumava passar de 16 a 18 horas por dia trabalhando e estudando em seu quarto, totalmente concentrado. Foi nessa época que ele desenvolveu a teoria da gravitação, realizou seus trabalhos importantes em óptica e também desenvolveu seu método de cálculo. Segundo o biógrafo Gale Christianson, os hábitos de trabalho de Newton eram patologicamente viciantes e, para ele, o dia nunca tinha fim. Ele simplesmente continuava sem parar até se sentir exausto.
“Um dos assistentes de Newton anotou os hábitos do físico na década de 1680, observando que Newton raramente ia para a cama antes das 2 ou 3 da manhã e, às vezes, só dormia às 5 ou 6 horas da manhã — e ainda assim, ‘pela manhã ele parecia tão descansado com poucas horas de sono, como se tivesse tido uma noite inteira de descanso’.
Durante o dia, nunca foi visto Newton fazendo uma caminhada ou se envolvendo em qualquer outra recreação, e seu assistente lembrava-se de ter ouvido Newton rir apenas uma vez. A comida também era um luxo dispensável; Newton jantava com moderação e frequentemente esquecia de comer. Se alguém lhe lembrasse que ele não havia tocado a comida colocada à sua mesa, Newton respondia ‘Já comi?’ e dava algumas mordidas distraidamente antes de voltar ao seu trabalho.”
Inclusive, existe uma anedota muito repetida na internet de que Newton “trabalhava 18 horas por dia, 7 dias por semana”. Essa informação vem principalmente de relatos biográficos, como os de Westfall, e de outras fontes históricas. Mas é 100% precisa? Difícil dizer. Talvez seja mais uma aproximação bem-humorada que refletisse o empenho dedicado por Newton a seu trabalho do que um dado rigoroso.
Esse mito das “18 horas por dia, 7 dias por semana” virou trend no TikTok, com algumas pessoas tentando imitar essa rotina. Mas não é uma boa ideia! Newton sofreu episódios de colapso nervoso e/ou esgotamento no final da década de 1690, quando tinha cerca de 45 anos. A falta de descanso adequado e o ritmo exaustivo de trabalho são apontados como fatores que influenciaram esse estado. Então vamos com calma antes de sair copiando o gênio, ok?
(Por Victor Bianchin



