Um dia antes de anunciarem o fechamento das empresas Imagens Serviços e Eventos e Graduar, os investigados por aplicar um golpe de mais de R$ 7 milhões em formandos de medicina e outros cursos retiraram das unidades todo o material fotográfico das colações de grau realizadas. A intenção era revender os books já pagos e causar ainda mais prejuízo às vítimas, para então abrir novas empresas e deixar Mato Grosso.

Os empresários Elisa Severino e Márcio Nascimento, responsáveis pelas empresas, faziam promoções relâmpagos e exigiam pagamentos à vista de formandos. Os dois foram alvo da Operação Illusion, deflagrada na manhã desta terça-feira (20), por um calote superior a R$ 7 milhões às vítimas. Além deles, também são investigados o irmão de Márcio, Marcos Vinícius, e a mãe dele, Antônia Alzira.

A informação foi confirmada em entrevista coletiva nesta terça-feira (20) pelo Delegado Titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor, Rogério Ferreira. Segundo ele, uma suposta empresa chamada Laboratório Brasil começou a oferecer esse material aos formandos, indicando uma tentativa de continuar lesando as vítimas.

“Em relação ao material, eles mudaram a forma como eles faziam a cobrança, que era a cobrança por esse material fotográfico. Ele era feito no momento da entrega ou posterior à entrega dos books, e eles alteraram. E além disso na véspera do fechamento da empresa eles retiraram os cartões de memória, levaram esse material embora com eles e na segunda-feira seguinte eles passaram por meio de uma empresa chamada Laboratório Brasil, uma empresa que nós não sabemos ainda ao certo qual que é a relação com os suspeitos e nem se essa empresa realmente existe ou se foi apenas um nome fictício que foi inventado para fazer a comercialização do material fotográfico”, revelou.

De acordo com as investigações, na tarde do dia anterior ao anúncio oficial do encerramento das atividades, quando os funcionários já haviam sido dispensados sob a justificativa de uma suposta falta de energia, que na verdade não ocorreu, uma das sócias recebeu valores de pais de um formando na sede das empresas, mesmo sabendo que elas encerrariam suas operações na manhã seguinte.

Além disso, nos últimos 15 dias, as empresas tentaram, por meio de ações como descontos e vantagens para pagamento adiantado, maximizar seus ganhos ilícitos. Essas ações ficaram evidentes durante a investigação, que também revelou que, no dia anterior ao fechamento, as empresas retiraram 23 cartões de memória contendo todo o material fotográfico das cerimônias realizadas recentemente, incluindo formaturas em cidades como Cáceres, Sinop, Nova Mutum e outras do interior de Mato Grosso e Rondônia.

O delegado afirma que essa ação demonstra uma tentativa de obter vantagens ilícitas nos últimos dias de funcionamento, prejudicando ainda mais as vítimas do golpe.

“Então foi uma forma, no nosso entender e ao que tudo indica na investigação,  de lesar ainda mais pessoas”, enfatizou.

Um dos principais objetivos da Polícia Civil nesta investigação é recuperar esses cartões de memória. Para isso, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, tanto pessoal quanto domiciliar dos alvos.

O irmão de Márcio também está envolvido na investigação, e há suspeitas de que ele tenha levado os arquivos para a Paraíba. Na residência dele, foram encontrados diversos arquivos que podem conter fotos e outros materiais fotográficos de eventos anteriores.

Caso a recuperação seja total, a polícia solicitará à Justiça autorização para devolver o material aos formandos e seus familiares.

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(Leiagora)