A empresa HB20 Construções negou qualquer envolvimento em repasses ilícitos e afirmou que o prestador de serviços João Jorge Souza Catalan Mesquita, citado como interlocutor de supostos pagamentos de propina, nunca teve autorização legal para representá-la em negociações institucionais. A declaração foi feita em nota oficial divulgada após a deflagração da Operação Perfídia, pela Polícia Civil, na terça-feira (29).

A investigação apura um suposto esquema de pagamento de propina de R$ 250 mil aos vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), com o objetivo de garantir a aprovação de um projeto de lei que beneficiaria a empreiteira, responsável por parte das obras no entorno do Contorno Leste, em Cuiabá.

Em sua nota, assinada pelo advogado Flávio Moura, a HB20 declarou que todas as suas relações institucionais sempre foram pautadas pela transparência, legalidade e regularidade contratual com o Poder Público. Rechaçou qualquer participação em tratativas ilícitas e afirmou que “não autorizou, pactuou ou participou de qualquer repasse ou conduta que afronte a ética e a legalidade”.

A empresa também informou que já havia adotado medidas internas contra o ex-prestador de serviços João Jorge, por suspeitas de irregularidades cometidas durante o período em que atuou na empresa. Segundo a nota, há inclusive uma notícia-crime registrada anteriormente às acusações da operação.

“A tentativa de envolver o nome da empresa em atos ilegais, supostamente praticados por terceiros à margem de qualquer autorização, é vista com extrema gravidade”, diz um trecho.

A HB20 reforçou que está à disposição das autoridades para contribuir com o esclarecimento dos fatos e defendeu que os responsáveis pelos atos investigados sejam punidos, “seja quem for”.

Entenda

Em depoimento à Polícia Civil, João Jorge afirmou que o pedido de propina ocorreu dentro do gabinete da Presidência da Câmara, então ocupado por Chico 2000, e na presença de Sargento Joelson. Os parlamentares, segundo ele, solicitaram R$ 250 mil como condição para liberar pagamentos da Prefeitura à HB20, referentes às obras no Contorno Leste.

De acordo com a investigação, parte do valor foi paga via Pix e o restante entregue em espécie no gabinete de Joelson. A propina teria como objetivo garantir a aprovação do Projeto de Lei nº 244/2023, que permitia o parcelamento de dívidas da Prefeitura e destravava repasses federais para a empresa. Após a aprovação da proposta , a HB20 recebeu R$ 4,8 milhões, o maior valor já pago à empreiteira no contrato.

A empresa, no entanto, sustenta que jamais autorizou qualquer negociação ou repasse ilícito, e que João Jorge agiu por conta própria, sem qualquer aval institucional.

A nota da empresa afirma ainda que tentativas de vincular a HB20 a condutas ilegais são vistas com “extrema gravidade” e que a diretoria está colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos. A empresa reforça seu compromisso com a legalidade e diz repudiar qualquer forma de chantagem ou distorção dos acontecimentos.

Os dois vereadores citados foram afastados de seus cargos por decisão judicial e estão proibidos de acessar a Câmara de Cuiabá, visitar obras do Contorno Leste ou manter contato com os demais investigados.

(Olhar Direto)