A próxima reunião da Câmara Setorial Temática (CST) da Genética dos Zebuínos, marcada para o dia 5 de maio, terá como foco a análise das legislações vigentes sobre pecuária em Mato Grosso. O objetivo é identificar quais leis estão em vigor, quais perderam eficácia e o que pode ser adaptado ou reformulado para permitir o acesso dos pequenos e médios produtores ao melhoramento genético do rebanho.
A definição foi tomada durante a segunda reunião do grupo, realizada na segunda-feira (14), na Assembleia Legislativa. De acordo com o presidente da CST, José Esteves de Lacerda Filho, há uma desconexão entre as tecnologias disponíveis e a realidade de quem vive da agricultura familiar no estado. Ele destacou que cerca de 80% dos produtores mato-grossenses têm rebanhos com até 300 animais e ainda não conseguem acessar biotecnologias que já estão consolidadas no país.
“É como uma pesquisa científica que termina, vai para a prateleira de uma universidade e nunca chega no campo. Precisamos criar um projeto-piloto em Mato Grosso para que esse desenvolvimento alcance de fato o pequeno produtor”, afirmou Lacerda.
Segundo ele, o fomento ao uso de touros registrados e de biotecnologias reprodutivas pode gerar impactos econômicos diretos na cadeia da carne, com reflexos positivos na geração de empregos e na renda das famílias rurais. “O estado abateu 7,5 milhões de cabeças no ano passado. O ganho médio de duas arrobas a mais por animal movimentou R$ 4,5 bilhões dentro de Mato Grosso. Esse dinheiro circula no comércio, nas oficinas, no açougue. A sociedade inteira se beneficia”, explicou.
O analista da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Marcos Carvalho, apresentou um estudo que mostra que quase metade da produção ainda é feita por monta natural, com touros sem registro e sem avaliação genética. “Esses reprodutores de fundo de rebanho acabam impactando negativamente na produtividade. Um touro com genética comprovada pode custar de R$ 15 mil a R$ 40 mil, e o produtor com 100 vacas vai precisar de pelo menos três. É um custo que a maioria não consegue bancar”, disse.
Carvalho defende a criação de linhas de financiamento específicas para aquisição de reprodutores geneticamente superiores. “A importância do touro no melhoramento genético é direta: ele transfere metade do seu DNA para todos os bezerros. Isso melhora a fertilidade, reduz o tempo de terminação, aumenta o rendimento de carcaça e melhora também a qualidade das matrizes”, afirmou.
O diretor da Nelore MT, Juliano Ponce, participou do evento representando o presidente Alexandre El Hage e comentou que a formulação de políticas públicas só será eficaz se envolver também o setor público, os municípios, o setor privado e o sistema financeiro.
“A revisão das leis estaduais e federais é essencial para identificar o que é atual, o que causa conflito e o que precisa ser modernizado. É importante que as regras ofereçam orientação clara aos produtores, em vez de apenas penalizar”, pontuou.
A CST foi criada por requerimento do deputado estadual Dr. João (MDB) e tem prazo de 180 dias para apresentar um relatório com propostas de políticas públicas voltadas à pecuária de corte e ao melhoramento genético da raça zebuína em Mato Grosso. A próxima reunião será no dia 5 de maio, às 10h, na sala das comissões da Assembleia Legislativa.
(BS COMUNICAÇÃO | Assessoria de Imprensa Nelore MT)