A artista visual Emanuelle Calgaro se prepara para temporada na Europa. Vitoriosa nos prêmios Arte Anima Latina e Art100 Gallery, ela usufruirá dos benefícios, viajando a Perúgia, na Itália, em maio deste ano, e, na sequência, em setembro, embarca para Viena, na Áustria, onde terá uma exposição, obtendo reconhecimento internacional pelos pássaros pintados à mão, sua assinatura pessoal.
A mostra “Travessia”, na Galeria Lava Pés, no prédio da Secretaria de Estado de Cultura (Secel-MT), em Cuiabá, foi o romper para essa explosão criativa. Emanuelle compartilhou com o diretor do Hipernotícias, Kleber Lima, que, durante os 45 dias da exposição, ela se dedicou aos editais. A artista submeteu inscrições a inúmeros; cerca de seis meses depois, seus desenhos ganharam destaque em dez países.
A mostra “Travessia” foi o romper para essa explosão criativa
“Foi muito rápido. Eu me surpreendi. Não esperava mesmo que fosse assim. Foi uma alegria muito grande”, disse Emanuelle a Kleber na bancada do HNT TV.
A entrevista foi um reencontro de amigos. Emanuelle foi secretária-adjunta na gestão do jornalista à frente da Secel-MT. Ela lembrou o período em que os laços profissionais foram estreitados e a contribuição da parceria para sua carreira. No breve período, Kleber a provocou a sair da zona de conforto, colocando para fora todo o seu potencial artístico. “Aprendi muito”, lembrou Calgaro.
Camila Ribeiro/HNT
Kleber Lima e Emanuelle Calgaro atuaram juntos na Secretaria de Estado de Cultura de MT
Outro ponto positivo da sua passagem pelo governo a apropriação dos mecanismos para uso dos editais e emendas parlamentares para financimento de projetos. Em certo momento da carreira, Emanuelle quase chegou a desistir da arte pois não conseguia manter seu estilo de vida. Porém, ao conhecer o novo caminho, enxergou um recomeço. Diferente de outros artistas, ela defende a captação de recurso, chegando a se especializar em Planejamento de Gestão Cultural e Cinema.
“São formas de financiamento que foram por um período demonizadas, mas que mudaram a vida do artista. A Lei Rouanet, quem critica é por falta de conhecimento, sempre tem a parcela que não presta contas ao que é essencial para que você possa trabalhar com esse recurso. Emenda parlamentar, da mesma forma. Se abriu um olhar que não se tinha para isso antes”, observou.
Calgaro exemplificou o ganho aos artistas por meio da Lei Aldir Blanc, criada pelo governo de MT durante a pandemia da covid-19. Os recursos empenhados na fase de crise econômica, fomentaram a produção e garantiram a sobrevivência do segmento. Porém, Emanuelle ressaltou a dificuldade de alguns artistas. Segundo ela, há poucas pessoas capacitadas para absorver as oportunidades.
“O artista só vem artista, não vem gestor”, observou Emanuelle
“A Lei Aldir Blanc, excepcional, modificou a vida dos artistas pós-pandemia. É uma coisa que precisa ser estudada, expandido esse olhar para continuar fazendo uso dos recursos pois transformou a vida de todo mundo. Essas fontes continuam sendo muito interessantes, mas pouco exploradas. Não é todo mundo que trabalha com a Rouanet porque tem o modo de fazer e, geralmente, o artista só vem artista, não vem gestor e tem dificuldades para que aquilo possa ser acessado”, concluiu.
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