O Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pediu demissão nesta terça-feira. O auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva é o décimo ministro a deixar o cargo no atual mandato do petista, mas o primeiro após um caso de suspeita de corrupção.
“Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando”.
A demissão de Juscelino chegou a ser discutida em junho do ano passado, quando a Polícia Federal apresentou seu indiciamento. Na ocasião, pressionado pelo União Brasil, partido do ministro, Lula decidiu mantê-lo, mas traçou uma eventual denúncia como linha de corte para que a demissão ocorresse.
— O que eu disse para ele: só você sabe a verdade. Se o procurador indiciar (denunciar) você, você sabe que tem que mudar de posição. Enquanto não houver indiciamento (denúncia), ele fica como ministro. Se houver indiciamento (denúncia), ele será afastado — afirmou o presidente duas semanas após a PF apresentar o relatório apontando os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
O inquérito da PF apontou o envolvimento de Juscelino no desvio de recursos de emendas parlamentares para pavimentação de ruas de Vitorino Freire, no interior do Maranhão. A cidade era comandada por sua irmã, Luanna Rezende, até o ano passado.
A defesa de Juscelino nega irregularidades e afirma que o papel do então deputado foi o de indicar as emendas parlamentares, sem ingerência sobre a contratação e a execução da obra.
Juscelino Filho tem 40 anos, é médico e empresário em São Luís (MA), e se licenciou da Câmara, onde cumpria seu segundo mandato como deputado federal, para assumir o Ministério das Comunicações em janeiro de 2023. Sua indicação ao governo Lula foi costurada pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP).
(Agência O Globo)